sexta-feira, 12 de junho de 2015

SOBRE PROFESSORES E CATEQUISTAS



Tenho observado, especialmente no espaço da universidade, duas existências, portadoras de duas práticas, o trabalho de professores e a ação de catequistas. São práticas próximas, mas muito distintas.

O doce néctar de professores catequistas é o proselitismo
A distinção não é difícil de ser feita. Professores são plurais, catequistas, independente da temática que lhes é proposta, sempre retornam às suas pregações, único valor teórico que reconhecem.  

Ser professor requer competência teórica, didático-metodológica e ética frente ao que ensina. Ser catequista requer apenas um credo e a adoção de um catecismo, diverso na forma, mas igual no conteúdo, versando sempre sobre a mesma doutrina condenatória de certos valores em função de outros, utópicos, apenas para serem atraentes.

Professores, especialmente aqueles que atuam na formação inicial de outros professores, estão cada vez mais acuados pelas mudanças da contemporaneidade que lhes requer sempre novas competências e habilidades para lidar com o novo que se renova do nascer ao pôr do sol.

Catequistas, por serem portadores de uma doutrina perene, não sentem qualquer desafio, senão preparar os espíritos à sua mercê para o enfrentamento de um mal que, independentemente do tempo histórico, sempre é e será o mesmo, geralmente a negação daquilo que as religiões negam, mas que lhes dá fundamento, o consumismo, o modo burguês de viver, a desigualdade e outras coisas cuja percepção não depende de nenhum esforço teórico.

Professores, reconhecendo que a prática educativa não é e não pode ser neutra fazem a crítica, mas não se reservam a um único discurso por reconhecerem a pluralidade dos saberes e a relatividade da verdade.
Catequistas, como qualquer bom vigarista, são fundamentalistas, e negam, por consequência, tudo que estiver à margem dos seus escritos sagrados.

Catequistas, quando no espaço acadêmico, não se distinguem em nada de outros religiosos fundamentalistas, sejam cristãos ou muçulmanos. A história, para uns e para outros, tem um destino manifesto, a parúsia. Para o primeiro grupo seria o retorno de Cristo, doutrina do medo sempre mais reforçada a cada fim de milênio, para o segundo, o fim do capital.

Ser catequista é fácil. Ser professor não. Ser professor requer muita leitura, porque diversos os enfoques sobre uma mesma temática. Ser catequista, apenas uma bíblia simplificada através de catecismos.

O mérito dos catequistas acadêmicos é se dizerem ateus, como base de sua própria religião. Uma religião que nega a religiosidade e se funda num discurso religioso. São ateus para para poderem ter um Deus, tão barbudo quanto aqueles deuses que negam, por coincidência, também barbudos.

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