sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

ASSASSINADO AINDA VIVE: O ENGAJAMENTO DO Pe. JOSIMO MORAES TAVARES

Proferido no dia 27 de abril de 1986, quando da Assembléia Diocesana de Tocantinópolis.

“Pois é, gente, eu quero que vocês entendam que o que vem acontecendo não é fruto de nenhuma ideologia ou facção teológica e nem por mim mesmo, ou seja, pela minha personalidade. Acredito que o porquê de tudo isso se resume em quatro pontos principais:

1. Por Deus ter me chamado com o dom da vocação sacerdotal e eu ter correspondido.
2. Pelo Sr. Bispo Dom Cornélio ter me ordenado sacerdote.
3. Pelo apoio do povo e do vigário de Xambioá, então PE. João Capriolli, que me ajudaram a vencer nos estudos.
4. Por eu ter assumido esta linha de trabalho pastoral que, pela força do Evangelho, me levou a comprometer-se nesta causa a favor dos pobres, dos oprimidos e injustiçados.

“O discípulo não é maior que o Mestre”. “Se perseguirem mim, hão de perseguir vocês também...”

Tenho que assumir. Agora estou empenhado na luta pela causa dos pobres lavradores indefesos, povo oprimido nas garras dos latifundiários. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem vai lutar em seu favor?

Eu pelo menos nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos e nem riqueza sequer, ninguém chorará por mim.

Só tenho pena de uma coisa: minha mãe que só tem a mim e não mais ninguém por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês ficam aí cuidando dela.

- Nem o medo me detém. É hora de assumir. Morro por uma justa causa.

Agora quero que vocês entendam o seguinte: tudo isto que está acontecendo é uma consequência lógica resultante do meu trabalho, na luta e defesa pelos pobres, em prol do Evangelho que me levou a assumir até as últimas consequências.


A minha vida nada vale em vista da morte de tantos pais lavradores assassinados, sem carinho, sem pão e sem lar.

domingo, 6 de dezembro de 2015

O IMPEACHMENT DA DILMA

Desde que Sérgio Buarque de Holanda escreveu sobre as raízes do Brasil já correu muita sacanagem entre os raízes, caule, folhas e flores. A mais nova, dessa pátria prostituída é a decisão de tirar do cargo, em nome da Democracia, quem não governou bem porque beneficiou os grupos mais pobres.

A verdade sobre o Impeachment da Dilma, independente da queda ou não, é que ela e o grupo que a representa, além corrupção corriqueira, incorreram em duas outras faltas gravíssimas. Primeiro fizeram política voltada para as classes mais pobres e, segundo, ela é uma mulher.

Qualquer observador notará que não se fala em corrupção da presidenta. O que se põe, às vezes de forma escancarada, é que ela não serve para governar porque é mulher. Ser mulher é o pior defeito da Dilma, daí que, sem dúvida alguma, estamos lidando com uma questão de gênero, mais que de qualquer outra coisa.

Em segundo lugar, é preciso considerar o ódio que as elites desencadearam. Não se criticam ideias ou ações. O que se condena, quase sempre de modo muito sútil, é o passado. Mas não porque ele foi faltoso, faltoso foram todos os políticos, porque a própria matéria prima da política, as pessoas, é o que se tem de pior na política. O que condenam foi a ascensão dos pobres. Isso é intolerável.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A SOLUÇÃO FINAL

Para estudantes e para grupos sociais marginalizados, uma das polícias mais violentas do mundo. Tem sido comum, nos últimos dias, cenas de estudantes sendo massacrados por policiais militares paulistas. A mídia tem mostrado, mas a sociedade não dá a mínima, sobretudo porque os filhos da elite estão nas melhores escolas para brancos ricos. Como escola pública tem sido considerada espaço de pobre, de preto e de filho de puta, a violência sobre esses filhos do Brasil não tem sensibilizado a nação, que ainda espera no PSDB, a solução final para o Brasil. 


Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, tem caminhado a passos largos na chamada Solução Final, uma reedição do que o nazismo pretendeu na Alemanha.

Na concepção do governador, que dizem ser membro da Opus Dei, a educação é uma prioridade. Enquanto prioridade, ela não pode ser disponibilizada, como manda a Constituição e a LDB, a todas as pessoas, o que incluiria as pessoas mais pobres, que, por sua vez, não são prioridade. Então, o plano é fechar o máximo de escolas e, por esse mecanismo, criar o máximo de dificuldades para que as pessoas que precisam dela, não lhe alcancem. 

Quem conhece São Paulo sabe o significado de ter que se deslocar grandes distâncias em horários de pico. Com escolas mais distantes e tendo que conciliar trabalho e estudo, o que se espera, nesse planejamento, é que estes alunos evadam da escola e, depois de evadidos, possam ser alcançados pelo único bem que o Estado paulista lhes reserva, a Força Tática e suas metralhadoras mortíferas.

Então, não se enganem. O preço por um país que avançou e criou oportunidades para negros, pobres e putas será muito alto. A imprensa, sobretudo ligada à Rede Globo está raivosa. A elite está babando de ira. As articulações estão sendo feitas e até Marabá já está sob uma cortina de fumaça, e como onde há fumaça há fogo, preparem-se o abismo está se abrindo sob nossos pés.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

VIII REUNIÃO CIENTÍFICA TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO E QUESTÕES CORRELATAS

Reprodução de documento do GPTEC

Nos dias 17 a 19 de novembro de 2015 teve lugar, no auditório do NEPP-DH/UFRJ, a VIII Reunião Científica Trabalho Escravo contemporâneo e Questões Correlatas, organizada pelo GPTEC. Como o próprio título indica, o evento se encontra na sua oitava edição, sendo que a previsão para o ano que vem é de que a Universidade Federal do Pará seja a anfitriã.

No dia 17, a mesa de abertura foi composta pelso professores Lília Pougy, decana do CFCH; Vantuil Pereira, diretor do NEPP-DH e Ricardo Rezende Figueira, coordenador do GPTEC. Foto. 

No mesmo dia, teve lugar a aula magistral, proferida pelo professor Ricardo Antunes, da Universidade Estadual de Campinas, intitulada A nova morfologia do trabalho, o novo proletariado de serviços e as lutas sociais do nosso tempo.



Seis temas foram apresentados e debatidos nos blocos do primeiro dia: 1.Migração, tráfico humano e trabalho escravo, desenvolvido por David Sanchez Rúbio, Pilar Zuñiga, Gabrielle Louise Soares Timóteo, Ricardo Rezende Figueira, Suliane Sudano e Edna Maria Galvão.



2. Ações e atores, a cargo de Natália Sayuri Suzuki e Norberto O. Ferreras, Roberta Castro Alves de Paula Hannemann e Moisés Pereira da Silva.



Ainda no primeiro dia do evento, foi oferecido um coquetel com o lançamento dos livros A universidade discute a escravidão contemporânea: práticas e reflexões, organizado por Ricardo Rezende Figueira, Adonia Antunes Prado e Edna Maria Galvão. E, também a obra: Degradância decodificada e o papel do Estado na sua gênese escrito por Benedito Lima e Renato de Mello.


O Bloco 3, intitulado Políticas públicas e responsabilidade civil foi tratado no dia 18 e contou com as intervenções de Fabiana Galera Severo, Maria Celeste Simões Marques, Mariane Pereira Rodrigues e Renan Bernardi Kalil.


e a ele seguiu o Bloco 4, onde foi tratado o tema Conceito e método, desenvolvido por Lívia Mendes Moreira Miraglia, Lília Carvalho Finelli, Valena Jacob C. Mesquita, Fagno Soares, Valter Zanin, Ricardo Antunes, Elder Lisboa e José Cláudio Monteiro de Brito Filho.



Em seguida, discutiu-se o tema Educação e formação no Bloco 5, formado pelas apresentações de Shirley Silveira Andrade e Antônio Alves Almeida, com que o segundo dia do evento foi encerrado.

No terceiro e último dia - 19 de novembro – nos blocos 6 e 7 foram tratadas questões ligadas a Mudanças e permanências e Representações do trabalhador, respectivamente. No primeiro deles, se apresentaram Carlos Alberto de Moura Ribeiro Zeron e Marcela Soares. No segundo, Paulo Henrique Costa Mattos e Gladyson Stélio Brito Pereira. E no segundo Flavia de Almeida Moura e Cristiana Rocha.


Neste mesmo dia, Stephen L. Rozman fez algumas considerações sobre o programa Tougaloo College (Jackson, Mississippi nos EUA), para criação do Instituto de Estudos sobre Escravidão Passada e Contemporânea e estabelecimento de intercâmbios com o GPTEC/NEPP-DH.


A reunião final, para avaliação e definição de perspectivas decidiu, como já informado, pela realização da IX Reunião em Belém do Pará, no campus da UFPA.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

ESTABILIDADE DE PROFESSOR É A COISA MAIS IMBECIL QUE EXISTE

O site do uol, que é ligado à Folha de São Paulo, reproduziu uma matéria do jornal baiano a tarde, assinada pelo jornalista Biaggio Talento, noticiário de 17 de novembro de 2015. Nessa reportagem, falando a um grupo de empresários baianos, o governador Marconi Perillo, explicou o projeto de terceirização. Segue alguns trechos com transcrição direta da entrevista com o governador goiano:

Governador quatro vezes, Perillo deu uma aula de liberalismo para empresários e políticos, nesta terça-feira, 17, em Salvador, em evento promovido pela Lide-Bahia (Grupo de Líderes Empresariais). Classificando a lei de estabilidade do funcionalismo público como "a coisa mais imbecil e mais burra que existe" e a Lei das Licitações como protetora mas que entrava. Disse que para fazer sua gestão funcionar, já terceirizou toda a área de saúde e "como deu certo" será "o primeiro governador a terceirizar na educação".

"Muita gente está de olho no que vamos fazer lá [na educação de Goiás] Não consigo ver a educação avançando com sindicatos agressivos e essa coisa de professor pedir licença para tudo a qualquer hora. Vou conseguir chegar a uma melhoria na medida que o mau professor ou professor relapso, ou professor que não cumpre suas metas, possam ser desligados. Só no fato de a gente quebrar a espinha da contratação, de definir metas claras, será uma outra coisa. Mas não pode haver aumento de gastos em relação ao modelo antigo, senão não vale a pena".

O governador contou uma história ocorrida na greve dos professores de Goiás esse ano para mostrar não ter medo de enfrentar o sindicalismo. "Fui num evento e tinha um grupo de professores radicais da extrema esquerda me xingando. Eu disse: tenho um remedinho pra vocês. Colégio Militar e Organização Social. Identifiquei as oito escolas desses professores. Preparei um projeto de lei e em seguida militarizei essas oito escolas. O Brasil está precisando de 'nego' que tenha coragem de enfrentar". Foi muito aplaudido [pelos empresários que o ouviam].

Perillo disse ter descoberto também que o Sindicato dos professores estava descontando um percentual  dos servidores para a entidade, sem autorização. Os recursos eram usados para custear propaganda contra o governo na TV. "Estavam arrecadando R$ 750 mil por mês. Mandei cortar", disse, afirmando que não pretende "fazer graça com esse pessoal que não está preocupado em melhorar a educação". 

Fonte:http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/1727346-goias-vai-terceirizar-a-educacao-apos-experiencia-na-saude 

RAFAEL SADDI E A DIDÁTICA MILITANTE

Antes de iniciar a reprodução de uma postagem do professor Rafael Saddi quero esclarecer de quem se trata, escritor e conteúdo. O professor Dr. Rafael Saddi é docente da Universidade Federal de Goiás, intelectual que, na sua prática, tornado vivas as ideias de Sartre sobre o engajamento. O seu discurso não é estéril e o seu compromisso, às últimas consequências, torna vivo o debate sobre o papel dos intelectuais na sociedade contemporânea. O conteúdo diz respeito ao projeto do Estado de, contrariando a Constituição Federal e a LDB, no que diz respeito às formas de ingresso na carreira do magistério público (por concurso público de provas e títulos) e de gestão das escolas (princípio da gestão democrática) está terceirizando a educação goiana. O texto que segue resulta de um trabalho investigativo que, a bem da verdade, caberia ao Ministério Público, órgão que até o momento permanece apenas com o cu na mão (para não dizer que não falei de Raul). Pelo teor do texto e pela seriedade e coragem do autor, o mínimo que poderíamos fazer seria ler, reproduzir, discutir e avançar.

Dando nome aos bois. Prezados, depois de muita pesquisa, reuni algumas informações importantes sobre este processo mais do que duvidoso de contratação de OS's em Goiás. É assustador.

Escrevo porque o governo do Estado não quer fazer o debate público. E, mais do que nunca, as pessoas precisam ter acesso à informação e refletir com base em documentos empíricos sobre o que está acontecendo.

Leia e nos ajude a juntar e analisar as informações. Compartilhem, divulguem, discutam.

Em 09 de Abril de 2015, o Governo do Estado abriu uma Convocação de Qualificação das OS’s (VER CONVOCAÇÂO AQUI: http://portal.seduc.go.gov.br/…/Convoca%C3%A7%C3%A3o%20OS%2…).

Até 10 de novembro, o Senhor Antonio Faleiros falava em entrevista que 16 entidades teriam já se candidato. Veja, em novembro, até 10 dias atrás, havia16 entidades. Mas, agora, a Secretária de Educação, Raquel Teixeira, afirma que já apareceram 27 entidades. Da noite para o dia.

De todo modo, até agora, somente 01 destas entidades foi qualificada como ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE EDUCAÇÃO.

Que entidade é essa? Que entidade é essa que agora foi qualificada como Organizações Social de Educação? 

Trata-se da chamada IBRACEDS (Instituto Brasileiro de Cultura, Educação, Desporto e Saúde).

Ela foi qualificada no decreto n.o. 8.447, DE 03 DE SETEMBRO DE 2015. (VER DECRETO AQUI: http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/…/20…/decreto_8447.htm).

Essa é a única Organização Social de Educação até agora. Não existe outra em Goiás.

Bom, e a quem pertence esta organização? 

O presidente da IBRACEDS é o senhor Antonio De Souza Almeida. Mas, quem é ele? Ele é simplesmente o dono da editora Kelps.

Altamente bem relacionado, vice-presidente da Fieg e presidente do Conselho de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, do Sigego/Abigraf (sindicatos das gráficas de Goiás) e escreve correntemente para o Diário da Manhã.

Trata-se, pelo que me parece, de uma figura de confiança do Governador Marconi Perillo. Ele publica constantemente artigos para o Diário da Manhã glorificando o senhor Marconi Perillo e seu governo. 

Alguns exemplos de artigos de exaltação do grande líder estão aqui: 

O que importa aqui é que a única organização privada que foi qualificada pelo Estado de Goiás como OS de Educação até agora e que, portanto, herdará, senão todas as unidades escolares, boa parte delas, é de um empresário importante, que articula não só as empresas gráficas, sempre interessadas no mercado da educação e nas relações com o governo, mas sobretudo que articula a própria Federação das Indústrias de Goiás.

Aqui, há uma abertura clara para que a FIEG - representante máxima dos interesses da indústria em Goiás (que tem uma política educacional também clara) - assuma o controle da educação pública de modo menos indireto.

Mas, não paremos por aí.

O senhor Antonio de Almeida, além de escritor, dono de indústria gráfica, membro da FIEG, também responde ou respondeu (não pudemos ainda averiguar o resultado deste) por um processo de fraude de licitações do governo do Estado de Goiás.

O processo que ele respondeu diz o seguinte. Que em Janeiro de 1999, o senhor Luís Felipe Gabriel Gomes assumiu o Secretaria das Comunicações do Estado de Goiás e Marialda Regis Valente foi nomeada Superintendente de Administração e Finanças da SECOM-GO.

Eles fizeram uma licitação para contratar uma empresa gráfica para fazer um livreto sobre os resultados das eleições de 1998. 

Das 3 empresas que concorreram, venceu a gráfica chamada Mercosul, de propriedade de Leandro Rodrigues de Almeida. 

Mas, quem é Leandro Rodrigues de Almeida? Ora, ele é, por sinal, filho de Antonio de Sousa de Almeida, dono da Kelps editora e presidente da nossa única Organização Social de Educação. Inclusive consta nos autos que Antonio era quem administrava a empresa do Filho, a Mercosul.

Porém, segundo a própria Marialda, a Superintendente de Administração e Finanças, o processo de licitação havia sido montado, pois o serviço já havia sido feito, o livreto já estava produzido.

Por quem? Quem já havia feito o livreto sem licitação? A editora Kelps, do Antonio, pai do dono da Mercosul, que foi quem ganhou a licitação.

Ou seja, a licitação foi só para encobrir um negócio já feito sem licitação.

Me parece, e aqui não consegui averiguar ainda, que este processo não deu em nada. Isso preciso ainda confirmar. A última argumentação do STJ é de que o processo estava mal instruído. (VEJA AQUI: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp…).

Mas, continuemos tratando da nova OS de Educação, A IBRACEDS, do Senhor Antonio de Almeida.
Veja, essa OS foi qualificada em 03 de setembro. No dia 17 de setembro, 14 dias depois de ser qualificada, procurada por uma reportagem de O POPULAR, a OS se mostrou completamente despreparada para lidar com qualquer questão da educação. Veja uma parte da reportagem:

“O presidente do Ibraceds, Antônio Almeida informa que o grupo gestor não tem as diretorias definidas. As atribuições deverão ser distribuídas em reunião prevista para ocorrer na próxima semana, quando também deverá ser inaugurada a nova sede do instituto. Atualmente o Ibraceds ocupa uma sala na rua 19, no Setor Marechal Rondon onde também fica a empresa do presidente, a Editora Kelps. “Apesar de termos um quadro com pessoas técnicas bastante qualificadas, ninguém está apto a responder por áreas específicas, como a educação”, disse respondendo questionamento sobre o que as OSs poderão oferecer à educação goiana e qual seria a relação de uma organização social com os professores efetivos.”


O quê? A empresa, mesmo depois de qualificada, não tem sede própria? Pior ainda, usa a sede de uma empresa privada com fins lucrativos? Pior, a sede da sua própria empresa privada? Mais ainda, não tem quadro para responder pela educação mesmo tendo sido qualificada pelo governo como organização social de educação?

Sinceramente, isso me pareceria suficiente para dizer que essa qualificação como OS de educação não foi um processo sério, honesto.

Mas, tem muito mais.

Segundo esta mesma reportagem de O Popular, “No cadastro da Receita Federal, o nome do médico André Luiz Braga das Dores é o único que aparece como sócio do Ibraceds”. Quem é André Luiz Braga das Dores? Trata-se de um ex-diretor da HGG.

Esse senhor foi acusado, em 2011, pelo MP de estar envolvido no escândalo de fraude no fundo rotativo dos hospitais públicos. Trata-se da operação do MP chamada “fundo corrosivo”. http://www.mp.go.gov.br/…/fundo_corrosivo_acp_improbidade.p…
Nesta operação, o MP solicitou a cabeça de 21 envolvidos, entre Secretários de Saúde, diretores e funcionários de hospitais públicos de Goiânia.

Mas, a ação é uma verdadeira peça de ficção. O fundo rotativo dos hospitais é um fundo que deve ser usado para coisas rápidas, como conserto de equipamentos por exemplo. Por isso dispensa licitações. Mas, cada uso não pode ultrapassar os R$ 8.000,00.

O que os gestores dos fundos faziam? Uma funcionária do HUGO chamada Tânia, por exemplo, uma das responsáveis pelo fundo rotativo, contratava várias empresas vinculadas ao senhor Íris, para fazer inúmeros trabalhos, compra de equipamentos, reformas grandes do hospital. Tudo isso parcelando e com notas falsas de serviços feitos.

Mas, quem era esse senhor Íris? Ora, era dono de empresas e NOIVO de Tânia. Este esquema se estendeu por vários hospitais públicos, sempre envolvendo as empresas ligadas ao senhor Íris. 

Aqui eles desviavam dinheiro a torto e a direito e, segundo a ação do MP, tudo isso com o conhecimento e ‘autorização’ dos diretores dos hospitais. Dentre eles, do sr. André Luiz Braga das Dores, na época diretor do HGG e sócio único, segundo O POPULAR, da ONG IBRACEDS.

O escândalo foi tão grande, que o senhor Marconi Perillo teve que determinar a exoneração dos diretores de hospitais. Dentre eles, o próprio André Luiz. (VER AQUI: http://www.cremego.cfm.org.br/index.php…).

No entanto, este senhor reaparece como Diretor do HGG (ainda não sei como, se chegou a ser exonerado ou não) e ali permanece inclusive durante a implementação das OS’s. Fica lá até 2014, quando ele mesmo pede exoneração por questões pessoais.
Acontece que antes de pedir exoneração, o MP já tinha entrado com outra ação contra ele e contra outras fraudes em hospitais públicos. Inclusive contra o próprio Secretário de Saúde à época. E quem era esse Secretário de Saúde? QUEM? QUEM? 

O senhor Antonio Faleiros. Ora, ora. Antonio Faleiros (hoje responsável por qualificação e contratação de Organizações Sociais de Educação) e André Luiz Braga das Dores (hoje sócio da única entidade qualificada pelo governo como Organização Social de Educação) estão respondendo processos juntos por improbidade administrativa. Veja, segundo a lei estadual de 2005, um dos responsáveis por contratar as OS’s é o secretário extraordinário do governo do Estado. É justamente esta pasta que o Antonio Faleiros assumiu este ano.

O processo é tão grave, que o Promotor Fernando Krebs “requereu o deferimento da medida cautelar para efetivar o bloqueio de bens de Antônio Faleiros, André Luiz Braga e Irani Ribeiro, até o valor de R$ 15,18 milhões e de Cairo de Freitas, Hélio de Souza e Maria Lúcia Carnelosso, até o valor de R$ 5,06 milhões”. (http://www.mpgo.mp.br/…/ultimos-cinco-secretarios-estaduais…).

Segundo site do MPGO, este processo permanece em andamento. 

Em resumo, três dos envolvidos no processo de organização social de educação ou já foram denunciados por fraude, ou estão respondendo por fraude em licitação e outros. Um deles, responsável por qualificar e contratar Organizações Sociais. Os outros dois, como única organização social qualificada até agora.

O grande mérito das OS’s segundo todos que a defendem é flexibilizar a contratação de serviços. Conseguir fugir das amarras da lei de licitação. Ter mais agilidade para usar o recurso. Ora, isso quer dizer, na prática: facilitar o processo de desvio de dinheiro para empresas privadas diversas, desde empresas de reforma de escolas, até empresas gráficas de propaganda e material didático.

Não estou dizendo que isso vai acontecer. Estou dizendo que as condições para isso acontecer estarão muito bem criadas caso as OS's sejam mesmo contratadas.

sábado, 7 de novembro de 2015

PREFEITA DE URUAÇU FAZ PISTA DE POUSO PARA OVNI’s NO CENTRO DA CIDADE



uma das pistas de pouco de OVNI's feitas pela prefeita

A prefeita de Uruaçu-GO, para minorar o sofrimento do povo resolveu construir duas pistas de pouco para OVNI’s no centro da cidade. Aparentemente a prefeita Solange Abadia Rodrigues Bertulino, que administra a pequena e esburacada cidade de Uruaçu, norte do Estado de Goiás, 290km da capital, acredita que os ET’s poderão trazer respostas, e talvez até solução, para a retirada da cidade do caos em que ela mesma pôs.


Na cidade quase inexiste sistema público de saúde. Quando se vai ao CAES no período noturno, mesmo quando há registro de médico plantonista na escala, é preciso esperar horas até que ele acorde. Durante o dia, o caos é generalizado.  


Recentemente houve o anúncio de liberação de uma verba milionária para pavimentação asfáltica e recuperação de pavimentação na cidade. Mas nada foi feito, exceto a pista de pouco para OVNI’s. 

A essa altura o povo de Uruaçu começa a questionar a validade das convicções, pouco convencionais, da prefeita. Existem mesmo ET’s, e se existem, poderão resolver os problemas de Uruaçu? Se chegarem no carnaval, a despeito de tudo que se apresenta como queixa, não acharão o povo feliz demais?

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

UM DIA PARA NÃO EXISTIR



Estive este ano na festa do dia das mães na creche da minha filha. Já vi muitas homenagens às mães na Universidade Estadual de Goiás, em Uruaçu. Semana passada, na creche, para comemorar o dia dos pais enviaram, através da minha filha, uma lembrancinha destas que é melhor, em respeito às minhas colegas de profissão, não adjetivar. Na UEG, silêncio absoluto sobre o dia dos pais. Enquanto pai, fui do quase descaso ao completo esquecimento.

Pode parecer que estou despeitado, acusação comum no meu currículo, mas trago a questão à reflexão porque ela, no conjunto, expressa uma concepção de pai e de mãe que estão vinculadas diretamente à questão de gênero no Brasil. No Brasil, seja na UEG, na creche da minha filha ou no bar do Jorge, prevalece a concepção de pai como função reprodutiva. Ignoram o pai porque admitem que esse papel, de zelar pelo filho, de amar e cuidar constituem atributos especificamente femininos. O pai goza dentro, depois, se for bom pai, alimenta. E nisso vejo o quanto as instituições de ensino reproduzem a sociedade circundante.

O que a sociedade brasileira produziu em cultura e ações concretas sobre a paternidade até o momento me faz concluir que eu não nasci, dentro desse padrão, para ser pai. Humanista desde minha primeira formação, seminarística, aprendi a ser solidário com as muitas mães que criam filhos sem a presença do pai. Agora pai, e professor universitário, entendo, no dia-a-dia, que o papel reservado aos filhos, na sociedade brasileira, é do pai ausente, mesmo quando ele é presente.
A paternidade é um estado pleno.
Desde que a Sofia passou do 5º mês, sempre que saio, e posso, a levo comigo. Ela vai ao meu trabalho, vai ao supermercado, vai à casa dos meus amigos, vai ao banco e vai ao barzinho. É uma companhia constante. Faço isso por duas razões: porque gosto muito de estar com ela, e porque quero compensar o tempo que passo fora de casa. Será assim também com a Olga, que agora está indo para o 3º mês de vida quando a Sofia já passa do 2º ano.

Em muitos lugares, no entanto, sou olhado com estranheza, e às vezes, com rancor. Simplesmente as pessoas não concebem que o pai possa fazer aquilo que a mãe faz. Já fui insultado duas vezes quando quis usufruir do direito de preferência por estar com criança de colo. Mas, não são apenas esses espaços que, às vezes em silêncio, me constrangem. Me impõem o cerceamento do direito de, plenamente, ser pai.

Sou um professor e tenho uma vida semelhante a de boa parte dos meus colegas, não tenho um patrimônio financeiro que possa, acelerar minha morte e gerar, talvez ainda em vida, disputas no seio da minha família. Mas, vou deixar um legado cultural para minhas duas filhas cujo valor já não consigo precisar, a biblioteca que ia se chamar Sofia, e agora precisa incluir no nome, também Olga e a minha concepção de mundo como espaço plural e da igualdade possível, inclusive a de gênero.

A paternidade tem significado muito, inclusive tem acrescido em mim sempre o desejo de ser melhor. Amo as duas molequinhas, sobretudo quando me roubam o sono e me perturbam nos estudos dessa fase tão difícil que é a reta final do doutoramento. E é por amor e respeito a elas que não quero me enquadrar nesse lugar-valor que reservaram para os pais em nossa sociedade.