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terça-feira, 12 de julho de 2011

NIQUELÂNDIA-GO: A CRISE, SEM FIM.


Niquelândia é uma cidade cativante, todos que a conhecem sabem disso. No meu caso tem um significado maior porque, voluntariamente, me fiz niquelandense. Nessa terra edifiquei parte importante da minha história. E quantos, como eu, têm a história marcada, ou lembram de Niquelândia como parte da sua própria história? Certamente muitos. Sempre me pergunto se não teria sido melhor ficar nessa cidade que divide meu coração. Mas, quando ouço notícias da região fico com a certeza melancólica que era o melhor a ser feito.
Niquelândia continua em crise. E a crise em Niquelândia não é apenas financeira. É uma crise moral. A crise em Niquelândia diz respeito fundamentalmente à crise dos valores e da ética. Não apenas a ética dos agentes públicos, mas o valor que explica a própria natureza da vida em sociedade, ou seja, de um grupo cuja coesão é mantida pelo concenso e imposição da vontade das maiorias sobre as minorias, aquilo que no mundo ocidental é chamado de democracia. Em Niquelândia o fator estranho a essa máxima prevalece, em benefício de um pequeno grupo, a grande maioria carrega um pesado fardo. Mas, o por mais estranho que parece, nesse caso específico, o povo assiste bestificado e nada faz, de radical, para mudar isso.
Então, se o Ministério Público não consegue cumprir sua função e impor um regime de normalidade nessa situação caótica e errada, e se todos contam como certo o apoio do governador Marconi Perillo como justificativa da manutenção desse estado de coisas, impõe-se como fatídico que as instituições não são suficientes para a superação da crise, que repito não é financeira, é ética e moral.
E o que poderia fazer a sociedade organizada? E o que é a sociedade organizada em Niquelândia? Em Niquelândia existem agremiações de restrito interesse, quase limitado ao umbigo de sues próprios diretores. A organização do comércio é limitada ao interesse da diretoria porque se fosse do comércio teria tomado uma posição mais clara afinal o sumiço do dinheiro da prefeitura não afeta apenas os funcionários, mas também os estabelecimentos onde estes fazem suas compras. E os sindicatos de categorias? Só o SINTEGO parece ter se levantado. Mas levantado sob que estratégias? No meu ponto de vista, levantou-se, mas andou errante, quase bêbado, às cegas.
Houve uma rara oportunidade de a sociedade se unir. Mas a união foi preterida pelo clima de ciúmes e fofocas e agora, tudo corre, ao que tenho tomado conhecimento, sob a lentidão do quase conformismo ou dos murmúrios abafados. Fico, de fato, estupefato com os atrasos de pagamentos e com a manutenção de um estado de coisas que, ao meu ver, parece insuportável, mas que pessoas simples e trabalhadoras têm suportado. E aí fica a inquietante questão, até quando tudo isso vai permanecer? Quando minha gente voltará a sorrir?

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