PÁGINAS

quinta-feira, 28 de junho de 2012

BRASILEIRINHAS

As brigas, quando não são dentro da escola, acontecem frente a ela.
Tenho visto imagens e textos recorrentes sobre brigas de alunos, e por incrível que pareça em maior incidência de alunas, em escolas brasileiras. Pior que a violência das agressões é a aquiescência com essa violência dos outros alunos que assistem e incentivam, mesmo quando a agressão é pura covardia de uma pessoa maior, e mais forte, em relação à outra inferior em idade e porte físico.

Mas, é preciso pensar. Essas brigas não ocorrem no shopping, nem na feira, ou na praça. As brigas acontecem na escola. Não se trata de uma preferência pelo espaço escolar, mas de uma relação de pertinência entre a escola que temos e a sociedade que estamos formando.

Não só alunos, mas a continuar como estamos,
professores irão precisar de coletes.
A escola, sem cumprir sua função social, perdida e sem sentido é, ela própria, combustível dessa violência. A escola alimenta a violência porque é violenta. A escola que temos hoje é violenta por natureza. A violência simbólica, própria da prática da escola, é velada, mas é tão terrível quanto a física.

Em outro momento vou falar mais sobre isso. Mas aqui, para explicar, sem estender-me mais, cumpre dizer que a educação que dá diploma e certificado, sem ensinar coisa alguma, marginaliza porque engana. Para a parte miserável da sociedade, que precisa de ensino para ter alguma oportunidade, esse engano, não raro, significa a morte de qualquer possibilidade de mudança; acrescida essa primeira morte, a frustração por achar que é o que, de fato, não é, ou que sabe o que deveria saber, mas não sabe, constitui uma segunda morte.

Ah! Sobre as brasileirinhas... é um recurso lingüístico. Uso uma chamada, o título, que remete a uma outra memória, a da pornografia, para falar de um assunto que é tão grave quanto. Vale dizer, no entanto, que por mal que represente a pornografia, a violência tipificada em meninas atracadas como cadelas, ou em escolas que não cumprem sua função social, é por isso animaliza nossa juventude, não é um mal menor. 

Ninguém da sociedade precisa ser “amigo da escola”. Na verdade, slogan criado pela Fundação Roberto Marinho, isso é uma perversão porque contribui com a idéia de que na educação, sem formação adequada, qualquer um pode meter o dedo. Não é preciso ser amigo da escola. Mas a sociedade toda deve ter o compromisso de reivindicar educação de qualidade. E, educação de qualidade, pressupõe a reinvenção da escola.

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