PÁGINAS

sexta-feira, 22 de junho de 2012

IMPRENSA ALOPRADA: A MARGINALIZAÇÃO DA LUTA CAMPONESA

Aloprado, o apresentador faz sensacionalismo marginalizando os camponeses
e declara que pouco lhe importa de quem seja a fazenda ou como foi
adquirida, ou seja, o crime, se praticado pelo fazendeiro, não importa. 
Nunca tinha assistido ao programa Metendo Bronca ou ao Barra Pesada Marabá. Tive hoje, 22/-6, o desprazer de assistir aos dois. "Bando de desocupados", "bando de vagabundos" "canalhas" e outros termos do gênero foi como o apresentador do programa sensacionalista "Metendo Bronca" começou seu julgamento do conflito na Fazenda Cedro. O idiota que apresentava o programa questionou que os camponeses estavam armados de paus e facão, mas nada disse sobre as pistolas e as armas calibre 12 em poder dos pistoleiros da fazenda e utilizadas nas tentativas de homicídios contra os camponeses. 

Sim pistoleiros! Essa é uma modalidade nova de pistolagem. No Pará a pistolagem agora se apresenta sobre a nominação de Escolta Armada. Aloprados são apresentadores que não informam e, sem informar, requerem de um povo desinformado, julgamento sobre o fato em foco.

Pouca informação sobre o litígio envolvendo a propriedade colabora para
o julgamento de uma sociedade ignorante dos fatos.
Já no programa Barra Pesada Marabá, após uma reportagem de Vitor Haôr, o apresentador iniciou o julgamento moral dos camponeses defendendo o direito à propriedade. Será que esses caras, que apresentam programas são tão ignorantes ao ponto de não saber quem é Daniel Dantas, um dos principais nomes do grupo Santa Bárbara? Não, me recuso a acreditar que sejam tão aloprados assim! Isso não é possível. 

A sociedade paraense, e brasileira de um modo geral, precisa de aulas de história sobre o início da propriedade privada da terra no Brasil. Desde 1530, com as Capitanias Hereditárias, que a terra, pertencente aos povos indígenas começou ser saqueada, cortada e entregue para a nobreza portuguesa. Esse foi o início de tudo. E o que veio depois foi uma sequência desse primeiro ato.

A imprensa aloprada precisa saber que essas terras foram adquiridas a partir de lavagem de dinheiro. Sim,  Daniel Dantas não é fazendeiro, é banqueiro. Mas, como resultado de suas atividades criminosas, passou a precisar de válvulas de escape, de estratégias de limpeza do dinheiro conseguido com crime.

Sim aloprados, assim como as terras em que for constatado trabalho escravo deve ser desapropriada pra fins de Reforma Agrária, as terras fruto de crime organizado, também devem ter a mesma destinação.

Essa fatia da sociedade que ainda pensa, se organiza e vai à luta, é nossa última centelha de esperança num mundo melhor. Vários telespectadores entraram em contato com o apresentador do programa Barra Pesada Marabá para manifestar sua aquiescência com o julgamento do apresentador. Toda pessoa tem o direito de pensar. Mas, se pensa melhor quando se sabe sobre o que se está falando. 

Todos os dias ouço falar sobre o estado lamentável em que se encontra a saúde, a educação, a segurança e outros serviços deveres do Estado e direito do cidadão. Todos os dias as pessoas reclamam. Mas, quanto dos telespectadores já fizeram alguma coisa para resolver isso? Pelo contrário, se os professores entram em greve, são vagabundos; se os profissionais da saúde param, é porque não querem trabalhar. Existe um grupo de pessoas cujo maior empenho social é o de usar a língua ferina (nesse caso específico, os dedos) para condenarem aqueles que põem a vida em risco no anseio de construção de um mundo melhor.

Quanto à essa imprensa sensacionalista, que faz programa para desinformados, não espero que o amanhã seja melhor em função do trabalho destes. A imprensa tem um papel importante em nosso país, é a imprensa que expõe os pobres, principalmente dos criminosos protegidos por privilégios. Mas isso faz a imprensa de verdade.

Precisamos, no Brasil, passar a um estágio pelo qual já passaram as sociedades desenvolvidas, como a norte americana e a francesa. A Reforma Agrária é uma necessidade. É preciso fazer acontecer!

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