PÁGINAS

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A MORTE DO PUBLICITÁRIO RICARDO PRUDENTE DE AQUINO

A morte do publicitário Ricardo Prudente de Aquino foi uma barbárie. Mas, esse fato por trágico que é nos permite refletir sobre uma realidade que a elite tenta esconder e os pobres parecem incultos demais para captar. A legalização da pena de morte sob o nome técnico de “resistência seguida de morte” aplicada a favelados, principalmente, favelados pretos e pobres.

Na mesma noite, 18 de julho, a imprensa registrou dois assassinatos praticados pelo Estado de São Paulo e quatro outras tentativas de assassinatos. Foram registradas as mortes de Bruno Gouveia Viana e de Ricardo Prudente de Aquino. Pouco se sabe sobre o estudante Bruno Gouveia. Ele trafegava num carro popular, Gol, e, pela pouca importância dado pelo Estado e pela mídia ao caso, deduz-se ser pobre ou de classe média baixa. A exigüidade de dados sobre a morte do estudante é tão notória que em algumas notícias vinculadas na mídia não nem mesmo informação sobre o nome da vítima. Ricardo Aquino, pelo contrário, tem nome de profissão, era publicitário. A Ricardo Aquino, independente de apuração, o Estado já se dispôs indenizar a família, a Bruno Gouveia coube um breve lamento do governador.
Pois bem, o tenente da PM Gilberto Evangelista desempenhou bem o seu papel ao pedir desculpas à família do empresário morto a tiros na quarta-feira por policiais após uma abordagem na Zona Oeste de São Paulo. Mas é claro! Onde já se viu a matar gente branca, e ainda por cima publicitário? Terá esse mesmo oficial visitado a família de Bruno Gouveia?
Ta tudo errado. Porem, me desculpem as famílias dessas vítimas, mas quem matou essas duas pessoas não foi a PM de São Paulo, foi a sociedade que considera normal a PM matar pobre, preto, favelado e qualquer outro desventurado que não componha a elite desse país. Se assim é, é muito natural que uma hora ou outra, por engano, respingue um pouco dessa prática sobre os pálidos e tranqüilos senhores que transformam profissões em pronomes pessoais.
Resistência seguida de morte é o nome técnico que se dá à pena de morte institucionalizada no Brasil, como no caso do publicitário Ricardo Aquino, executado em São Paulo e do jovem Bruno Gouveia. Mas quem liga pra isso quando acontece com moradores das favelas que, sem qualquer investigação o julgamento do tribunal supremo militar os condena à morte? Ninguém liga. Na verdade, a elite se sente até mais protegida. Arrisco a dizer, que essas mortes é um alívio às consciências incomodadas com tanta pobreza, pedintes, negros e outros seres cuja existência parece lhes estorvar.

Em Goiás tem esquadrão da morte dentro da PM, na verdade a polícia de elite, a ROTAM, é um esquadrão da morte. E quem se incomoda com isso? Desde que não mate um branco rico, tudo bem, a sociedade autoriza matar! Estiveram presos, haviam provas e voltaram aplaudidos pela sociedade.
O Brasil é um país extremamente injusto e segregado. Observem as propagandas, será que não existem pessoas negras para participarem de comerciais? Porque as pessoas que não se enquadram num determinado padrão estético – brancas e com características similares – não servem para as propagandas ou qualquer outro trabalho na mídia, exceto comédia? Será que dos negros, gordos e feios só podemos rir? Existe alguma coisa muito errada na nossa sociedade.
O trabalho da polícia é proteger a vida apenas de quem é publicitário ou empresário? Resistência seguida de morte só pode ser investigada em se tratando de alguém de nome? Será que as pessoas são tão burras a ponto de não entenderem o que está posto aí, embaixo de seus narizes?

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