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terça-feira, 23 de julho de 2013

A CEIV E A VELHA DITADURA DA NOVA REPÚBLICA

O governo de Sérgio Cabral produz a violência para justificar sua ação, mais violência
Tenho participado, enquanto historiador, de muitos debates a cerca da ditadura militar ocorrida no Brasil entre as décadas de 60 e 80. Nesses debates pensa-se essa experiência sempre no pretérito. A forma como o Estado tem tratado as manifestações públicas de uma sociedade que quer participar da vida política do país, tem mostrado a coerência dos meus argumentos que contradiziam o consenso de superação da ditadura no Brasil.

A imprensa noticiou recentemente o caso do trabalhador Amarildo de Souza morador da Rocinha que desapareceu depois de ter sido detido pela polícia carioca porque se parecia com um criminoso procurado. Não é preciso enumerar casos, o que importa aqui, com esse exemplo, é mostrar como, claramente, o Estado "democrático" de agora utiliza o mesmo modus operandi do Estado ditador, de a pouco.

Mas o governador Sérgio Cabral, o malandrão que não vê problema em fazer farra com o dinheiro público, porque os outros também a fazem, inovou na demonstração da permanência do Estado ditador.

Primeiro, uma tática copiada do Governo de São Paulo, a polícia de Cabral infiltrou agentes provocadores no meio dos manifestantes. O objetivo, além de identificar os líderes, era provocar confusão justificadoras da ação violenta da mesma polícia.

Depois seu governo, numa combinação com outros governos - o que incluiu a participação da Dilma - silenciou a imprensa. Nesse caso, o recurso não foi a censura imposta, mas o mesmo tipo de censura que permitiu a Rede Globo ser o que ela é hoje.

Agora a última, uma mistura de DOPS e DOI-CODI, a criação, por Sérgio Cabral, da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (CEIV).

Então leitores, vivemos, à custa da alienação quase geral, a permanência de um Estado ditatorial que não nos permite o exercício dos fundamentos da democracia, a liberdade de expressão e o exercício da política em seu sentido próprio.

Os procedimentos repressivos de hoje são os mesmos de ontem. "Morto em confronto com a polícia" é a regra geral para uma força que no lugar de assegurar a efetividade das leis as vilipendiam por práticas opostas a ela. 

Quando a sociedade, que paga caro pelo progresso desse país - despojada de qualquer dignidade quando precisa de atendimentos básicos como a saúde - reclama coletivamente, é fichada e passa a visitar os espaços reservados aos bandidos comuns.

O que é a  CEIV? O que era o DOPS? o DOI-CODI? O que era o Estado reconhecido hoje como ditador ontem?

Vivemos num país onde, por escrever textos como esse, eu possa ter minha privacidade secretamente invadida. Perdemos todos a segurança na liberdade do dizer e do escrever. Só se pode pensar secretamente porque os canibais estão à espreita.

Mas insisto, pensar é preciso. Falar, e escrever também.

2 comentários:

  1. nao acredito q o cabral tenha ordenado algo assim... acho q tais atitudes tenham partido de uma meia duzia de policiais despreparados q ao sentir o poder nas maos perderam o controle

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    1. Adriano Barreto você pode ter razão. No entanto, infiltração não é uma ação que demanda apenas uma decisão do agente policial. Nesse sentido, pode ser que tenha partido de um comandante de batalhão. Mas, considerando o quadro geral, de crítica ao governo, as estratégias foram pensadas como política de Estado.

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