Acredito que não existem dúvidas quanto ao envolvimento do ex-senador Demóstenes Torres. Ele, de fato, participou do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Foi cassado ontem. Legal! O Senado Federal cumpriu uma de suas atribuições. Muito bom isso. No entanto, fica a grande questão, diante da proteção que o próprio Cachoeira faz, com o seu silêncio, da rede de envolvidos, terá sido o Demóstenes um bode expiatório cuja condenação tem o fim de aplacar a ânsia por alguma expiação ante o grande dano que a sociedade parece perceber que tem sido vítima? Disso, desse sacríficio expiatório, não tenho dúvidas.
Dizer que ele, o Demóstenes foi oferecido em holocausto, não pode ser confundido com inocência. No caso dele a oferenda não era sagrada, muito menos santificada. Foi uma oferenda impura oferecida a um povo que ainda não sabe qual o caminho da redenção. De outro modo, se alguém, por qualquer razão destonasse do que digo, questiono, e o Marconi Perillo, governador de Goiás, qual será a sua pena? E o prefeito de Palmas? E o Ministro quase deus Gilmar Mendes? e os muitos outros que banharam na cachoeira?
É um avanço, mas não é o suficiente. O que precisamos é de um processo de investigação e punição eficiente. Mas a essa altura, a julgar pelo silêncio da cachoeira, é temeroso supor quantos ainda dos envolvidos estão no anonimato das informações. Hoje, por desconfiança, ando de lado, e a cada canto vejo um possível envolvido no esquema. Essa investigação mostrou ao Brasil uma rede criminiosa cujo alcançe ainda é desconhecido. E ainda tem os filhos dessa rede. As eleições municipais se aproximam, em Goiás, quantos são filhos desse casamento feito à margem da cachoeira?
O que todos sabem, e ninguém diz publicamente, é que gestão pública no Brasil tornou-se sinônimo de corrupção. É essa cultura, que é brasileira, que é o jeitinho brasileiro - para citar Roberto DaMata -que precisa mudar. Então, para o povo, que também é corrupto por conivência e conveniência, também para esse povo, Demóstenes foi um holocausto.