Reinaldo Azevedo, colunista da Folha de São
Paulo, e também um dos maiores fascistas da imprensa brasileira, publicou, sob
o título Militância fora do tribunal indica que Moro está, sim, candidato a
algo, um texto no qual avalia que o juiz Sérgio Moro já não satisfaz-se apenas
com a capa do Batman, o herói de brinquedo deseja mais. Nessa acepção, na ânsia por poder, e
pelo reflexo espelhado, de salvador da pátria, o juiz desejaria ser presidente do
Brasil. Minha interação com um fascista com espaço na grande imprensa é para
discordar. Moro não será candidato nada.
Moro, embora tão afeito a afagos que
estrebuche com as discordâncias – como no caso da publicação, também na Folha,
do colunista Rogério Cezar de Cerqueira Leite – sabe que existe um número
significativo de brasileiros que desconfia do seu justiçamento.
Aliás, houve, nos tempos do mensalão, a
mesma especulação sobre a candidatura do então presidente do STF Joaquim
Barbosa. E o que aconteceu em seguida? Joaquim Barbosa, silenciosamente, saiu
da vida pública.
O que percebo, com muita clareza, é o
esforço de um dos jornalistas mais engajados no golpe de reforço da tese de que
o Temer não serve. Assim, a candidatura de Moro seria o futuro em face da negação do presente. O presente, que em si já se apresenta como passado, nessa perspectiva, carece do futuro, jovem e justiceiro. A intenção, na verdade, não é promover uma campanha pró Moro. A intenção é negar o governo Temer.
A perspicácia está na negação do Temer em função não do
Moro, mas do ambiente que se tem criado para a ascensão do PSDB, inclusive com a possibilidade de retorno de outro velho, FHC, que nesse caso retomaria um futuro que foi interrompido. A construção de uma ordem econômica progressista-liberal teria sido interrompida por uma política social-irresponsável, razão porque, num ambiente de crise, não econômica mas de rumos para a nacionalidade, a retomada dessa política significaria o futuro e não o passado.
Como se vê, os
golpistas não tiram folga.
O gozo de Sérgio Moro ainda é a ideia de herói nacional. Sua paixão, uma câmara e seu rosto nos jornais. |
Nesse sentido, não resta dúvida de que
Moro não é candidato a nada. Ninguém, da elite política, quer Moro candidato. O próprio Moro não tem esse desejo. Sério Moro sabe que não sobreviveria a um dia
de campanha.
A sua vaidade é superior à ânsia por poder. E a vaidade é óbice a
qualquer sedução eleitoreira. Certamente não irá desejar o justiceiro que o
mito de herói seja destruído por uma devassa em sua vida pública e privada. Isso revelaria que o
herói é homem e, pior, brasileiro. A consequência desse reconhecimento seria o fim do mito de herói nacional. A brasilidade -infelizmente não dá pra discutir os sentidos disso aqui - bastaria para pôr fim ao mito que tanto lhe apraz. A brasilidade é incompatível com qualquer heroísmo.
A paixão de Narciso não é por um trono. Narciso é cheio apenas de si mesmo.