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domingo, 16 de julho de 2017

SÉRGIO MORO, O JUIZECO

Segundo a lógica do ex presidente do senado, Renan Calheiros, Sérgio Moro é um juízeco. De fato, a expressão diminutiva constitui recurso de linguagem que alude o exercício pouco honroso de um magistério que deveria ser nobre e, considerando esse aspecto, o senador pode ter razão. Do meu ponto de vista, trata-se de um infeliz cuja vaidade soçobra os anseios aqueles que, embora sejam audiência, não podem editar o noticiável no Jornal Nacional.

O Sérgio Moro, além do ódio por políticos do Partido dos Trabalhadores deixou-se seguir como fantoche dos homens de nariz grande, grupo ao qual ele próprio, dizem, é ligado. 

Moro tornou factível os dois pesos e duas medidas da nossa justiça. Observe o leitor que, se compararmos a aparência abatida de Sérgio Cabral com o aspecto robusto e arrogante de Eduardo Cunha não se poderá concluir que a vida na cadeia seja a mesma para os dois.

Embora juiz de primeira instância, o poder que lhe tem conferido a imprensa e os bandidos que estão no poder contradizem a justa relação entre a expressão juizeco o exercício da magistratura de Moro. Ele não é um juizeco, é um agente político de um grupo canalha mesmo. É o juiz que absolve a mulher de Cunha, com provas, e condena Lula, por convicção. 

terça-feira, 4 de outubro de 2016

SÉRGIO MORO, O BOBO DA CORTE

Ninguém tem personificado melhor o personagem medieval que entretinha as cortes que o juiz Sérgio Moro. O seu semblante sisudo, no papel que assumiu de último cavaleiro da moralidade, não deixa de contrastar com o papel que lhe foi conferido pelos agentes, nada sérios, que estão se esbaldando do vácuo político criado por esse Dom Quixote moderno.

Membro da elite pura brasileira e em posse do único cargo público no Brasil que torna seu detentor semelhante a Deus, o juiz tem sido apresentado como uma das dez personalidades mais importantes do mundo. Em que pese isso também ter sido dito de Eduardo Cunha [pelo grupo abril], de fato, Sérgio Moro é, sem dúvida, o homem mais poderoso no Brasil atualmente. Mas o poder de Moro só vai até onde for necessário, depois disso, do expurgo de Lula, voltará a ser um juiz circunstanciado pelos muitos limites da legislação brasileira. Mas, até lá, Deus pedirá licença a Moro.

Não estou defendendo o Lula, embora esteja falando da relação Lula-Moro. Não dá pra defender o Lula sem ser imoral. Mas, igualmente, e isso é um paradoxo, tendo a ética política como base para a reflexão moral, estaremos para além do bem e do mal, com certeza.

Mais que a relação, claramente personalista, entre Lula e Moro, chamo atenção para a instrumentalização que se faz do justiceiro. Claramente, Sérgio Moro e seu esquadrão, se dispõe a qualquer coisa, independente da Lei, para atingir Lula, ao mesmo tempo em que não conseguem enquadrar ninguém que tenha como sigla o PSDB. E até o brasileiro mais ingênuo, à exceção do próprio Moro, já reconheceu a quem serve o juiz.

Não se trata de ação propositada. Pessoalmente acredito que Moro é muito mais movido pela vaidade do que pelo desejo de beneficiar qualquer partido. É certo também que o juiz nutre ódio por Lula, a ponto de aceitar uma denúncia fundada em convicções, talvez a convicção de que qualquer denúncia serviria, posto que o caso não é provar culpa, mas colaborar com a execração pública. A vaidade não permite a Sérgio Moro perceber que suas ações só não encontram limites quando se trata de Lula. Sérgio Moro certamente ainda não conseguiu entender porque a justiça, no caso o STF, não intima, para pelo menos esclarecer denúncias, figuras como Aécio Neves, Romero Jucá, Renan Calheiros e outros tantos mafiosos em atividade no país.

Sérgio Moro, na perspectiva destes senhores, é um instrumento. Mas não o instrumento que se acredita ser o próprio Moro. A representação que faz de si é uma miragem do que ele, Moro, de fato não é. O juiz Sérgio Moro não faz justiça pela própria parcialidade da justiça que representa.

A arte de Taylor Hacford, em 1997,  mostrou que a vaidade é o melhor instrumento do diabo. 
Sinto certa tristeza com essa tragicomédia. Depois de tudo, ainda seremos os mesmos, só que com um Brasil piorado. Não se pode pretender passar o Brasil a limpo exterminando, a qualquer custo, um partido num mar de lama constituído pela sujeira de todos os grandes partidos. A escolha de um partido é o que ela é, escolha. A justiça, por outro lado, não pode ser dada a efeito a partir de escolhas. A escolha é a personificação da parcialidade.

O resultado mais significativo do trabalho de Moro foi o impeachment da presidenta Dilma. E que serviu isso? Para pôr na presidência um grupo ainda mais corrupto. A própria substituição da presidenta se deu num quadro conspiratório contra as pretensões da Lava Jato. É como se a necrose do corpo fosse a consequência da amputação de uma mão. Só se deve perder a mão se for para salvar o corpo, inclusive o braço, não o contrário.

Diante desse contexto, com todo meu respeito à dignidade do magistrado, a quem pelo poder que se dá a ele, também temo, encerro com o profundo lamento por esse teatro melancólico. Acredito na utopia do homem por trás da toga na mesma medida em que vejo um homem engolido pela vaidade dos afagos daqueles que querem torná-lo perdido.