Esse texto é mais dramático. Algumas pessoas que se ocupam na educação não têm qualidades ético-docentes para o exercício da função. Eu sei, e o povo marabaense também sabe, que o prefeito Maurino Magalhães não entende nada de Educação e que ele, por essa ignorância de que padece, não dá a mínima para esse bem público tão precioso. O que constitui situação dramática, ao extremo, no entanto, não é a improbidade do prefeito, mas a aquiescência da sociedade, incluindo aí a passividade dos profissionais do magistério da rede municipal de ensino.
De fato, políticos sem vergonha é o que mais temos em nosso país. Os explicadores do Brasil - usando expressão de José Carlos Reis - Sérgio Buarque de Holanda é um destes,repetidas vezes apontam no nosso passado colonial a origem do hábito, tornado comum no Brasil, em que o público é confundido e fundido com o privado, de modo que aplica-se ao Brasil a máxima do rei francês que quis confundir-se com o próprio Estado, "o Estado sou eu". Mas aqui não é por um absolutismo político, mas porque qualquer regiãozinha sob tutela de qualquer maurinozinho tende a tornar-se feudozinho à revelia do povo que, como gado a caminho do matadouro se deixa, mansamente, entregar á servidão imposta em nome da democracia do voto comprado e das vontades corrompidas.
Não considero apto ao exercício docente o sujeito que permanece mudo, cego e coxo ante esse quadro. Mas em Marabá muitos professores, por dizerem que isso é um destino manifesto, aceitam esse quadro. No meu ponto de vista são mercenários que, ocasionalmente, estão trabalhando em escolas. Não o são, no entanto, de forma voluntária. São mercenários porque são servos. E são servos porque o sistema, que os torna servos, criou uma estrutura eficiente na trasmutação de homens em servos. Para esses homens-coisa é natural que o admnistrador do bem público administre como se o bem fosse privado. Para esses homens-coisa, pouco importa que sua condição de Ser esteja restrita à existência das coisas, o homem-coisa, e, por assim perceber o mundo, esse tipo de indivíduo nega a possibilidade de mudança. E por negar a possibilidade de mudança, já que as coisas são o que são, esse tipo de existente nega a sua possibilidade de Ser.
E não vão à Assembléia. E não votam pela greve. E não acreditam na greve. Isso é deprimente! De um lado, indivíduos conformados. De outro uma administração que, por não valorizar a educação sequer para os seus, não a ver como um valor para outrem. Daí, a mistura ideal, os pretensos intelectuais, tornados servos e aquele que, embora estivesse mais para bobo da corte, tornou-se senhor do destino da intelligentsia. E nesse encontro, pior para os milhões rapassados pela União ao Município de Marabá atravé do FUNDEB. E nesse encontro pouco importa que dos milhões de reais arrecadados pela prefeitura, 25% seja de aplciação obrigatória em educação e, do montante, FUNDEB e arrecadação, 60% seja para a remuneração de professores. Nesse encontro pouco importa os dados técnicos, o que conta é o poder hipnotizador de tornar mulheres e homens em servos. E isso que embrulha meu estômago.
A superação já está sendo ensaiada. Chegado é o tempo de transmutar o homem-coisa em homem-Ser. Na Segunda, dia 03/10, acontecerá a Assembléia para a discussão, no âmbito do Município, sobre a situação dos profissionais do magistério e do próprio processo de ensino e de aprendizagem. Não haverá um passo decisivo. Os servos ainda são servos. Mas será um ensiao importante de superação da condição de servo à condição de sujeito. Louvores merecem os que já foram libertos. Estes estarão lá, prontos para a luta da forma como ela manifestar-se.