A beleza ou a imagem pública que chamam a atenção? O alarde da imprensa não foi também uma invasão de privacidade? |
Certo dia, ainda no amanhecer da minha
vida, vi escrito numa caixa velha que servira para o transporte de livros, um
trecho de “O livro e a América” de Castro Alves e, encantado li: “oh! Bendito o que semeia livros.... livros à
mão cheia... e manda o povo pensar! Me percebi, como num estalo, pensando
sobre a importância do livro para o desenvolvimento do pensamento, que a minha
pouca idade e estudo não permitiam entender como senso crítico. E o mais poderoso
era a sequência seguinte: “o livro caindo
n’alma é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar”. O segundo encanto
com a leitura, depois deste primeiro, foi quando em Goiânia, folheando um
jornal velho me deparei com um artigo cuja temática pornográfica conduziu-me a
um texto sobre o câncer. O autor do texto, portador da doença, se explicava dizendo
que para chamar a atenção dos goianos para a situação do hospital do câncer de
Goiânia, era preciso falar de sexo. É o mesmo recurso de linguagem que estou
utilizando, aqui, para falar do professor.
Poucas linhas me parece bastarem. Sou
professor, como já é do conhecimento dos meus leitores, e quero mais uma vez,
ante a proximidade das eleições municipais, rebelar-me com o uso político do
tema educação. Todos utilizarão essa
pobre meretriz como argumento sensual para seus discursos mal intencionados. O sofismo
destes canalhas públicos chega mesmo a me deixar em choque. Não sei se me deixo
fascinar, ante analfabetos que não sabem escrever ou interpretar leis, mas que
produzem discursos dignos dos melhores sofistas gregos, ou se me rebelo ante a
falsidade intrínseca a estes discursos.
Trocar o tempo do Big Brother por um livro, isso sim seria fantástico. |
É preciso que livros sejam mais
interessantes que big-brothers. É preciso que livros sejam interessantes.
Mas não estou falando de qualquer livro.
É preciso, também no caso do livro, não bestalizar ainda mais a nossa
sociedade. Nesse sentido, a primeira dica é fugir dos best-sellers tipo Augusto
Cury e outras porcarias que tentam dar receitas de soluções fáceis e de uma
vida que desintegra o indivíduo do seu contexto sócio-histórico.
Precisamos sim desejar a nudez. Precisamos
do nu. Mas, a nudez não pode ser apenas da Carolina Diechmann; mais importante
é desnudar a nossa realidade para compreendê-la e compreendê-la para
transformá-la. Essa é missão do professor. O professor, e as professoras, devem
ser agentes da desnudação.