É dramática a situação atual do Brasil e
o princípio do drama tem suas origens explicativas em Sérgio Buarque de Holanda
(1995), a corrupção, descreveu o referido intelectual, está nas “raízes do
Brasil”.
E desde aquele tempo, de um Brasil
nascente, a casa e a rua se confundiam e os agentes públicos tratavam o bem,
que deveria ser do povo, com o mesmo princípio do seu ambiente doméstico. O contínuo
atingiu os nossos dias, e certamente, vai perpassar as nossas existências. Não
porque, como dizem os religiosos, a natureza humana seja corruptível, existencialista, nem mesmo acredito em natureza
humana. Não é a natureza. Trata-se, antes, de um entranhado em nossa cultura
porque alimentado pela trajetória histórica do nosso povo.
E todo ano temos o anúncio de um novo maior caso de corrupção da história do Brasil.
O mal é endêmico.
Em que pese a generalidade do mal, o
povo brasileiro continua transferindo aos agentes políticos uma responsabilidade que é do próprio
povo. O povo brasileiro é corrupto. E digo mais, o povo brasileiro, que na
verdade é corruptor do agente político, é extremamente corrupto.
Vejo com embrulho no estômago as
passeatas da moralidade paulistana, coordenada pela tucanada da mesma região,
que em si, já é uma subtração da legalidade.
E a petralhada? Vivem na ilha da
fantasia quem ainda crê que a Dilma, o Lula e todos os outros não tiveram parte
na roubalheira.
Nos alimentamos da corrupção porque
falta uma moralidade tropical. Corrupto no Brasil é apenas quem exerce o poder
sem dele abusar, porque esse, conforme pensa o povo, não se esbalda nas
possibilidades que o poder lhe confere. Quando ouço sobre os “grandes casos de
corrupção”, penso: viva o povo brasileiro!
Bibliografia:
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26a. ed. São Paulo: CIA das Letras, 1995.