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sábado, 8 de outubro de 2011

SENTIMENTO

A beleza da vida é isso. Às vezes, sentado no lanche, no banco da praça, no corredor da faculdade, na balada e, por incrível que pareça, às vezes numa agência bancária enquanto se efetua uma transação qualquer (um depósito, por exemplo), a gente vê aquele rosto iluminado que tira nossos pés do chão e nos recoloca a convicção sobre o quanto viver é maravilhoso. Esse encontro é sempre um fenômeno que nos transmuta da condição de homem porque nos possibilita olhar o mundo com a visão dos deuses. E no coração fica a certeza descrita por Ferreira Gullar, de fato, em que pesem as dores, viver vale à pena. 


Dois e dois são Quatro
Ferreira Gullar


Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade pequena
Como teus olhos são claros
E a tua pele, morena
como é azul o oceano
E a lagoa, serena



Como um tempo de alegria
Por trás do terror me acena
E a noite carrega o dia
No seu colo de açucena
 - sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena.