Huck e a convicção da elite branca de estar acima da Lei. |
Depois que a sociedade norte americana elegeu
Donald Trump, um candidato que era piada nos primeiros dias de pleito, foi possível
perceber uma derrocada global daquilo que se poderia chamar de racionalidade
democrática. No Brasil, oscilamos entre um racista nojento, que faz apologia ao
estupro e o amigo do Aécio Neves, garoto propaganda do movimento golpista dos “camisas
da CBF”. Num e noutro caso, o abismo alimentado por um ódio de classe que se manifesta num discurso fascistas que, a cada dia, ganha mais espaço numa sociedade cuja característica fundamental é a baixa escolaridade e, por consequência, limitada capacidade de análise e decisão autônomas.
Pois sim, Luciano Huck já é um candidato para o
pleito de 2018. Presidente? Não é possível que, por aqui, a loucura se chegue a
tanto. Mas não resta dúvida que numa sociedade de “bestializados” que encontram
suas razões do dia-a-dia naquilo que lhes oferece os veículos da Fundação
Roberto Marinho, ter Huck como apoio não deixa de ser importante.
É bom lembrar, num país que vive repetindo que
Lula e Dilma são cidadãos comuns, que Luciano Huck e sua esposa Angélica, depois
de um pouso forçado de seu jatinho, mesmo sem apresentarem qualquer necessidade
de cuidados emergenciais, tiveram atendimento privilegiado na Santa Casa de Campo
Grande, e por isso, deixaram pacientes do SUS sem leito.
Huck é a encarnação prática da psicologia das
elites brasileiras, de que estando acima do povo comum, não precisam respeitar
as leis que, na verdade são feitas para os comuns cumprirem. Nas eleições de 2014
houve uma expressão disso. Naquela ocasião, 05 de outubro de 2014, o cabo
eleitoral de Aécio pôs o filho Joaquim, de 9 anos para votar, fato que já tinha
se repetido nas eleições municipais de 2012.
Não há nada de novo... |
À crítica a quem considere exagero. Mas a questão
não é o voto, mas o pouco caso que se faz às leis. A questão é sempre o
privilégio de classe, aliás, o privilégio de classe é o cabo de guerra que
dividiu o Brasil atual, e que bom que dividiu, poderia ser pior, poderia ter
ocorrido um consenso a respeito do projeto, em andamento, de esmagamento dos
direitos históricos conseguidos pelos pobres.