Uma estranha psicopatologia vem tomando
uma parcela dos universitários brasileiros e causando rebu entre os
psiquiatras. Trata-se da Síndrome Lattes, cujo nome deriva da Plataforma Lattes: distinta
entre os estudantes e professores universitários por ser a base do
indispensável e burocrático Currículo Lattes.
O Lattes, assim popularmente conhecido,
é uma espécie de embarcação meritocrática que facilita a navegação no oceano
universitário das vaidades. Considerada uma patologia de grau intenso, a
Síndrome Lattes impele o adoentado a montar uma realidade paralela que costuma
identificar ao seu currículo que passará a estar repleto de atividades
não-acadêmicas, invencionices e ocupações excêntricas. Tudo isso sustentado por
uma linguagem privada ou mesmo esquizofrênica. “Quanto mais o infeliz atualiza
o Currículo Lattes, seja participando de eventos estranhos ou escrevendo textos
esquisitos, mais a contingência por atualizá-lo aumenta”, afirma o Dr. Carlos
Aleiva, da USP.
Foi o que aconteceu com Plínio Caldas da
Silva, estudante de Ciência Política na UNIFESP da Baixada Santista. Ao passar
uma tarde na Quermesse da Gota de Leite, tradicional em Santos, Carlos voltou
até sua casa com um comportamento que deixara de ser inabitual. “Carlinhos saiu
dizendo que ia realizar um trabalho de campo para uma disciplina de
Antropologia. Para mim, apenas uma quermesse. Chegou angustiado em casa, abriu
o Currículo Lattes, atualizou, soltou um grito atemorizante e me deu um abraço
forte. Semana passada, doou sangue no Hospital Beneficência Portuguesa e pôs no
currículo que se tratou de uma participação em evento internacional. Não sabia
mais o que fazer e acabei por interná-lo!”, afirmou Maria Neuza da Silva, mãe.