Clero e nobreza, base da exploração camponesa. |
Esse é um texto para alunos do Ensino
Médio que estão tendo os primeiros contatos com o mundo medieval, portanto,
trata-se de um texto simples, sem o caráter acadêmico dos artigos científicos,
que aliás não costumo publicar aqui. Dito isso, chamo a atenção para alguns
pontos que explicam tanto a formação do que chamamos medieval como as
estruturas de funcionamento daquela sociedade.
O primeiro ponto a se considerar é a crise
do Império Romano e as invasões bárbaras ao mundo que havia sido dominado por
Roma. A desigualdade social e as revoltas escravistas são parte importante da
crise romana. Mas, é importante enfatizar que as disputas políticas, inclusive
envolvendo os generais foram o elemento decisivo para a Pax Romana, que
decretava o fim das guerras de expansão e, por isso, está no centro do problema
já que esse período de paz significou também o fim das recompensas aos generais
que comandavam os exércitos, a estagnação da ampliação das terras e a
sobrecarga de trabalho aos escravos. O auge dessa crise resultou na divisão do
grande Império em dois, Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente.
Vale lembrar que quando falo em Império Romano, seja do Ocidente ou Oriente,
estou falando de quase toda a Europa e parte significativa da África e Ásia.
Portanto, quando falo aqui em Sociedade Medieval, estou falando, na verdade, da
Europa entre os anos de 476 e 1453.
Durante esse período já haviam povos bárbaros
dentro do Império Romano, inclusive com o compromisso de defender as fronteiras
romanas. Vale lembrar que bárbaro era qualquer povo que não tivesse cultura
romana. Esses povos, percebendo a fragilidade do grande Império iniciaram um
processo de controle das regiões que ocupavam e lutas para conquistas de outros
territórios, os visigodos por exemplo conquistaram a Península Ibérica e a Gália;
os vândalos conquistaram o norte da África, os francos conquistaram uma porção
da Gália e os Anglo e Saxões conquistaram a ilha da Bretanha [sobre esse assunto,
invasões bárbaras ao Império Romano, o aluno pode pesquisar aqui mesmo
na internet].
Essas invasões, sobretudo pela violência
como ocorriam, produziram uma ruralização, ou seja, as pessoas abandonaram as
poucas cidades e foram morar no campo. Mas, assim como no Brasil, onde pouca
gente tem muita terra e muita gente nem terra tem, as pessoas sem terra
precisaram submeterem-se ao mandos e desmandos de quem tinha terra. Iniciava-se
o que nós historiadores chamamos de feudalismo.
No mundo feudal havia um senhor de tudo,
que era o senhor Feudal, ou nobreza feudal. A nobreza vivia da exploração dos
camponeses que, submetidos a um regime de superexploração eram chamados de
servos. A igreja tinha o papel mais importante, o de convencer os explorados de
que a exploração era vontade de Deus. O raciocínio era simples, se o reino de
Deus era para os pobres e se só os mansos e humildes veriam a Deus, então como
não acomodar-se mansamente a essa pobreza?
O lugar de cada um onde cada um tinha o seu lugar. |
Nosso
país não é feudal. A nossa sociedade não é a medieval. Mas, certamente você
sabe que nossa sociedade também é marcada pelas desigualdades sociais. No nosso
país os que mais trabalham são também os que quase não têm nada. O povo pobre
não tem acesso à assistência médica, nossas escolas são precárias e nossos
professores são mal remunerados. Nossa região só não parece mais esquecida do
Estado porque os políticos saem de seus gabinete de dois em dois anos para
pedir voto. Então, a nossa sociedade também é marcada pela desigualdade social.
Existe um abismo entre os que nada fazem, na maioria políticos, mas têm tudo e
os que fazem muito, nós e nosso familiares, e não temos direito a nada.
Outra questão que podemos analisar em
forma de comparação é a quem cabe o papel de nos convencer de que comportamento
devemos ter. Naquele período era a igreja, hoje é a televisão, sobretudo a Rede
Globo, que assume um papel de crença no que diz quase como os padres tinham
naquele período.