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terça-feira, 16 de setembro de 2014

ESTAMOS PERDIDOS



Às vésperas do início da campanha eleitoral deste ano o governador Marconi Perillo espalhou dinheiro aos milhões pelas cidades do Estado de Goiás. Foram cheques e bolsas para todos os gostos e sob todos os nomes, de bolsa universitária a cheque reforma, estima-se que o candidato atingiu diretamente mais de 200 mil eleitores, feriu a democracia, que aliás, em Goiás já estava enferma, mas capitalizou votos para se manter no trono. Sob o eufemismo “pacote de bondades”, o governador Marconi Perillo, que em dias de um passado esquecido, mandou baixar o cacete em professores e outros servidores públicos que reclamavam das condições de trabalho, deu início a uma operação de compra de votos como eu jamais tinha visto ou imaginado possível.

Na área do serviço público operou-se uma verdadeira canalhice. Jogou-se bananas a mais de 150 mil servidores. A subtração da democracia foi generalizada –deve ser bom dispor dos cofres públicos para manter o poder – alcançando, inclusive os estudantes, que agora passaram a ter direito ao passe livre, reivindicação que havia motivado espancamentos e prisões a mando do próprio Marconi em junho de 2013. Num incrível ato de bondade o inimigo público número 1 da educação no Estado de Goiás resolveu bancar 100% dos custos de passagens de ônibus para 115 mil estudantes goianos, o que representará um gasto de R$ 40 milhões aos cofres do governo estadual.

Mas, sobre a maioria dos servidores, como maquiavélico que é, o governo resolveu fazer poeira sobre a sociedade, criando o espetáculo da ilusão. Os reajustes são virtuais, embora dado o estado de letargia geral, acreditam pobres diabos, que os benefícios sejam reais e duráveis.

Uma breve reflexão ajuda a entender a dimensão do problema.

Os inimigos da educação têm nomes.
Os professores da educação básica, grupo que potencialmente poderia mudar o mundo, mas que não muda as condições da sua própria degradação social porque falta consciência de si, e do mundo, e portanto, não mudam nada, tiveram um reajuste de 8,32% parcelado em duas vezes e que, no total, não representa compensação sequer para as perdas ligadas à progressão por titularidade. Mas houve muita gente feliz na sala dos professores.

O caso da UEG, a filha prostituída, é mais grave. O aumento, dos professores foi parcelado em 3 vezes. A 1ª parcela, de 6,67%, para dezembro de 2014; a 2ª, do mesmo valor, para dezembro de 2015 e a 3ª, também de 6,67%, em dezembro de 2016, condicionados, os referidos reajustes, ao aumento real das receitas do Estado. O que significa, ignorando esse mecanismo de controle expresso sob a viabilidade de receita, quando calculado o acumulado da inflação anual, nada em valores reais. Mas, aos diretores de Campus, por submeterem-se ao fidelitatis como condição sine quo non para a posse ao cargo, embora eleitos quase todos por suas respectivas comunidade acadêmicas, concedeu-se aumento imediato de quase 50%. Para os professores, como o governador não tem palavra, e para ele não há Lei, a única garantia é de perdas quando calculado o acumulado da inflação entre 2014 e 2016. A única coisa positiva a se dizer nessa questão, por demais obscura, é que conhecendo os diretores como agora os conheço, também não há nenhuma garantia de fidelidade eleitoreira ao governador.

O governador Marconi Perillo, segundo o tribunal de contas do Estado, gastou 448 neste seu terceiro mandato, 448 milhões com publicidade. No mesmo período, o governador investiu 108 milhões apenas em educação. O governador gasta 4 vezes mais com propaganda. Isso prova, agora que sua vitória eleitoral é dada como certa, que mais importante que fazer, é propagandear. Assim como, numa sociedade corrupta, dinheiro compra tudo, inclusive votos.  

Aos servidores da insegurança pública, o Estado ciente de que precisa mais deles de que dos professores, propôs aumentos na seguinte ordem 18,50% em dezembro de 2014 –só ai já quase o total dos aumentos somados dos professores; 12,33% em dezembro de 2015; 12,33% em dezembro de 2016; e 12,33% em dezembro de 2017. Total, 55,49% de aumento.

Na saúde, outro setor insignificante na visão do governador, reconheceu-se a progressão de carreira, e aos valores cumulativos para essa progressão chamou-se, na mídia marconista, de aumento salarial. 

Outros setores foram beneficiados, mas se o leitor fizer uma boa análise perceberá que o governador concedeu aumento real à máquina que ele realmente precisa, para se eleger e para se manter no poder. Ele precisa da polícia funcionando como milícia, precisa do judiciário subserviente e precisa de todos os cargos de chefia como extensão do seu mandonismo.