A
palavra nepotismo, como a maioria das palavras de nossa língua, é de origem
latina. A palavra vem do latim NEPOS, que significa neto ou descendente.
Nepotismo, portanto, é um termo utilizado para designar o favorecimento, no
serviço público, de parentes em prejuízo do interesse da coletividade, a quem
deveria servir o detentor de um cargo de gestão.
NEPO
é também o radical do nome da família Nepomuceno (NEPO+MUCENO). Talvez isso
explique porque a administração do prefeito João Batista Nepomuceno Sobrinho, o
João Goiano, no pequeno município de Piraquê-TO, seja um dos maiores exemplos de
nepotismo no Brasil atualmente.
Lá
no Piraquê, os menos de 3 mil habitantes precisam se esforçar para sustentar os
vários parentes do prefeito que ocupam secretárias e outros cargos do primeiro
escalão da prefeitura. Corre de boa-em-boca em Piraquê que, atualmente, o maior
negócio é ser da família do prefeito e a maior competência é ter Nepomuceno no
nome.
Com
2.709 habitantes, segundo o TER-TO, o município de Piraquê tem 10 secretarias,
5 subsecretarias, 1 pregoeiro e, pasmem, 1 cargo de gestor público municipal, a
maioria dos cargos ocupados por parentes diretos do prefeito. O prefeito
emprega, no primeiro escalão da prefeitura, o filho e a nora, o irmão e a
cunhada, dois sobrinhos e outros parentes que ocupam cargo de segundo escalão.
João Goiano, a prefeitura como patrimônio da sua família. |
O
único posto de combustível da cidade, depois que João Goiano chegou ao poder,
foi adquirido por seu filho através de laranja, passando o mesmo a ter como
principal cliente a prefeitura municipal de Piraquê e vendendo combustível a preço
exorbitante.
Suspeita-se,
aliás, que o filho do prefeito, secretário de finanças, faça atrasar o
pagamento dos funcionários para que, transferido o dinheiro para uma conta
poupança, possa apossar-se dos rendimentos até a data do pagamento dos
salários, atrasados.
Bizarra
é a frota de carro branco em Piraquê. Pertencem à família do prefeito. Na última
vez em que lá estive, enquanto assistia a uma partida de futebol, praticamente
a única opção de lazer na cidade, um munícipe, quando passava algum veículo, ia
me dizendo de quem se tratava. Logo eu percebi esse detalhe estranho. Todos os
carros novos eram de familiares do prefeito com cargos de chefia na prefeitura
e, exceto uma camionete prata, todos os carros eram brancos. Suspeita-se que
alguns carros chegaram à cidade depois da venda de uma grande fazenda, que
rendeu em impostos mais de 2 milhões ao município.
Enquanto
isso, o prefeito fez o que nenhum outro prefeito do Brasil conseguiria, reduziu
o salário dos professores quase pela metade. Deve ser de revirar o estômago,
ter o seu salário cortado pela metade enquanto a familharada do prefeito dá de
braçada nos recursos do tesouro municipal.
Diz-se
que a arrecadação do município é baixa. Mas se dá para ilustrar os nepomucenos,
devia dar para respeitar a dignidade daqueles cujo salário o governo federal
paga em mais de 60%, os professores.
E
assim como os demais pequenos municípios do Tocantins, que nasceram só para
terem prefeitos, Piraquê sobrevive de repasses federais, principalmente saúde e
educação que, suspeita-se, são desviados para outros fins.
Como
se vê, o nepotismo, na prática, é o que fazem aqueles que, por falta de caráter,
utilizam o cargo que têm para beneficiar os seus parentes tornando o serviço
público cabide de emprego, o que prova a incompetência da sua parentela já que
se pressupõe que, de outra maneira, estariam desempregados ou subempregados.