Em evidência, a síntese do pensamento e da raiva da elite branca |
Deus, pátria e família foi o lema da mobilização que, no final de Março de 1964, levou os militares ao poder e pôs fim ao regime democrático num momento em que, de outro lado, um grupo reivindicava reformas de base. Contra o que consideravam ameaça comunista, levantaram-se todos os grupos conservadores do Brasil e foram às ruas pedir intervenção militar. Deu no que deu.
Novamente, ontem, 15/03, vi esse lema bem evidente. Todas as chamadas dos jornais procuravam reforçar a ideia de que se tratava de um movimento "da família brasileira", ideia reforçada pela suposta presença, raramente demonstrada, de crianças com caras pintadas.
As manifestações da elite branca
demonstram o grande poder de articulação da grande mídia brasileira, em conluio
com o partido da elite, PSDB. Foram vinculações diárias, durante mais de um
mês, em todos os grandes jornais, dando conta da expectativa para as manifestações
de 15 de Março.
Os locais de manifestações, a exemplo de
Copacabana e do farol de Salvador, dão a dimensão da representação social de
tais manifestações. Outro fator interessante foram as reivindicações,
sobressaindo o pedido de intervenção militar.
O maior absurdo mesmo ficou por conta do
que disseram sobre a educação. Aqui teríamos uma educação de ideologia
marxista, cuja expressão seria o Método Paulo Freire. Quem disse isso nunca
estudou na rede pública brasileira.
A educação pública brasileira só tem uma
ideologia, e passa longe da discussão sobre o conflito de classe, que seria
marxista. A educação brasileira tem como base a manutenção do povo na mais
absoluta ausência de consciência da sua posição no mundo, prova que haviam
negros e pobres nessas manifestações, que eram em defesa dos interesses da
elite branca desse país.
As nossas escolas ensinam obedecer, não a pensar. Paulo Freire defendia uma educação para a autonomia, não para a obediência. Mais que ignorância do funcionamento do sistema público de ensino, isso mostra o poder que esse grupo ainda tem, porque mesmo quando escancaram o seu veneno, ainda há quem se disponha a sorvê-lo.
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