Proferido no dia 27 de abril
de 1986, quando da Assembléia Diocesana de Tocantinópolis.
“Pois é, gente, eu quero que
vocês entendam que o que vem acontecendo não é fruto de nenhuma ideologia ou
facção teológica e nem por mim mesmo, ou seja, pela minha personalidade.
Acredito que o porquê de tudo isso se resume em quatro pontos principais:
1. Por Deus ter me chamado com
o dom da vocação sacerdotal e eu ter correspondido.
2. Pelo Sr. Bispo Dom Cornélio
ter me ordenado sacerdote.
3. Pelo apoio do povo e do vigário
de Xambioá, então PE. João Capriolli, que me ajudaram a vencer nos estudos.
4. Por eu ter assumido esta
linha de trabalho pastoral que, pela força do Evangelho, me levou a
comprometer-se nesta causa a favor dos pobres, dos oprimidos e injustiçados.
“O discípulo não é maior que o
Mestre”. “Se perseguirem mim, hão de perseguir vocês também...”
Tenho que assumir. Agora estou
empenhado na luta pela causa dos pobres lavradores indefesos, povo oprimido nas
garras dos latifundiários. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem vai lutar em
seu favor?
Eu pelo menos nada tenho a
perder. Não tenho mulher, filhos e nem riqueza sequer, ninguém chorará por
mim.
Só tenho pena de uma coisa:
minha mãe que só tem a mim e não mais ninguém por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês
ficam aí cuidando dela.
- Nem o medo me detém. É hora
de assumir. Morro por uma justa causa.
Agora quero que vocês entendam
o seguinte: tudo isto que está acontecendo é uma consequência lógica resultante
do meu trabalho, na luta e defesa pelos pobres, em prol do Evangelho que me
levou a assumir até as últimas consequências.
A minha vida nada vale em vista
da morte de tantos pais lavradores assassinados, sem carinho, sem pão e sem
lar.
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