Vi hoje que os dados do Ministério da
Saúde indicam que em 2015 houve mais de 149 mil casos de chikungunya no Brasil
e que isso representou um aumento significativo em relação 2014, quando houve
pouco mais de 13 mil casos.
A única verdade nessa mentira é que houve, de fato,
um aumento dos casos entre 2014 e 2015.
Pra começo de conversa, até o brasileiro
do tipo homer Simpson sabe que a maioria da população brasileira não tem
qualquer assistência médica. Outro é o caso dos que simplesmente se automedicam
e outros tantos procuram a farmácia do seu Joaquim por considera-lo mais
entendido de medicina do que porção significativa dos médicos que estão
chegando aos hospitais, ávidos apenas pelo enriquecimento rápido.
Mas, para que não se diga que falta
comprovação ao que digo, vamos aos fatos. Em conversa com um profissional da
saúde na cidade de Marabá, Sul do Pará, soube deste que desde novembro de 2016
a janeiro de 2017, momento em que esse texto é escrito, cerca de 7 mil pessoas
já passaram no sistema público municipal de saúde com sintomas de chikungunya.
Segundo a profissional o procedimento
padrão é apenas a medicação de dipirona com indicação, ao paciente, de
aquisição e ingestão do mesmo medicamento em casa. Não existe coleta de
material, tão pouco qualquer exame que possa identificar a doença. Portanto,
faltam registros dos casos onde eles são mais recorrentes.
Em dezembro de 2016 minha filha de 3
anos contraiu chikungunya em São Domingos do Araguaia, também no Pará. Naquela
cidade procuramos atendimento médico por três dias seguidos e o mesmo
procedimento, dipirona injetável e indicação de compra e medicação da criança
em casa. À ocasião a enfermeira me disse que quase 2 mil pessoas já haviam
procurado o hospital municipal com o sintoma mas que, segundo ela, o município
não tinha condições de fazer exames para identificar a doença.
Procuramos, pela piora do quadro da
minha filha, atendimento no sistema público em Marabá. Não desejaria a nenhum
desafeto meu permanência naquele inferno. Ali crianças ficam amontoadas em
corredores com pessoas –inclusive adultos – com todo tipo de doença, inclusive
infecto-contagiosas. Inferno escuro. Lugar abominável. Desesperança. São sinônimos
que melhor definem o hospital municipal de Marabá.
Foi somente em Araguaína, depois de um
encaminhamento ao Hospital de Doenças Tropicais do Tocantins, HDT, que, depois
de vários exames os médicos indicaram chikungunya como o princípio que
desencadeou outro quadro clínico mais complicado.
Minha filha não é o objeto da minha
reflexão, mas é um caso que indica o quanto o Brasil do Temer é uma desgraça –
até mesmo pela redução dos investimentos num sistema que já é falido – para a
população brasileira.
Não se sabe quantos,
mas certamente existe mais de milhão de pessoas com essa doença atualmente. E
fato mesmo é que o governo está aguardando a imunização pelo contágio. Simples
assim.
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