A propósito da militarização de uma escola pública em Uruaçu, muita gente - que nunca acompanhou os próprios filhos na escola, e portanto, nunca apoiou o trabalho dos professores - glorificaram o feito como se essa política autoritária, fundada na ideia de obediência e servilismo fosse, de fato, a receita para os problemas da educação no município.
Essas pessoas, idiotizadas, sequer podem entender a engrenagem política desse projeto e suas consequências.
Entre tantas reflexões necessárias e urgentes, quero nesse espaço, relacionar a expansão das escolas militares com a vilania do governador de Goiás, que as usa para perseguir a organização dos professores que ousam reivindicar direitos.
A vaidade do Governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo, parece não encontrar qualquer limite. De fato, num Estado em que o judiciário é subserviente e o legislativo cliente fiel, o executivo, sem qualquer embaraço, na expressão do seu totalitarismo, poderá dar vasão a qualquer pretensão, inclusive as que emanarem da vaidade de quem detém o poder.
Essa é uma das chaves de leitura para a política educacional do governador de Goiás, o homem que trucida suas oposições.
Jogando milhos aos pombos a cada período eleitoral, Marconi tem se mantido no poder a partir de duas estratégias, a compra de votos através das bolsas da OVG, dos cheques reforma, moradia e outros instrumentos muito comuns na política do toma lá, dá-cá e pelo sufocamento das vozes dissidentes.
É enquanto instrumento de repressão que a militarização das escolas públicas estaduais precisam ser pensadas. Obviamente, essa militarização das escolas não se limita a esse fim, os objetivos são mais amplos. Todavia, a disciplinarização dos corpos e das mentes como estratégia de controle do tecido social é o ponto fundamental para o qual convergem todas as variáveis.
Marconi nunca escondeu tratar-se de uma vingança punitiva ao grupo, da educação, que ousa lhe fazer oposição. Esse grupo ousou manifestar-se em evento no qual o governador participou (veja em: https://www.youtube.com/watch?v=RwY2QUmc8V8) e lá mesmo o governador deu seu recado.
Depois, participando de um evento na Bahia, Marconi declarou os objetivos imediatos da criação das OSs e das escolas militares. Segundo ele,
"Fui num evento e tinha um grupo de prfoessores radicais da extrema esquerda me xingando. Eu disse: tenho um remedinho pra vocês, colégio militar e organização social. Identifiquei as 8 escolas desses professores. Preparei um projeto de Lei e em seguida militarizei essas 8 escolas. O Brasil está precisando de nego que tenha coragem de enfrentar". (A TARDE, 17/11/2015).
Marconi é vaidoso. Marconi não aceita críticas. Marconi quer a hegemonia.
O pior disso tem sido o silêncio daqueles que deveria dizer alguma coisa. Me refiro primeiro aos intelectuais da Universidade Estadual de Goiás, minha casa. A Universidade não pode naturalizar esse fato. A Universidade, que produz conhecimento e forma professores, precisa tomar posição.
Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=RwY2QUmc8V8
A tarde: http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/1727346-goias-vai-terceirizar-a-educacao-apos-experiencia-na-saude
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