A classe precisa desenvolver uma auto-percepção. |
Muito bem. Isso explica tudo. Mas, nesse caso, quero lembrar do que defende Paulo Freire em seu Livro Professora sim, Tia não. Para o grande educador um dos compromissos éticos do professor deve ser exatamente com a luta por melhorias da sua condição de trabalho, o que inclui a remuneração, afinal, considera Freire, quem não pode lutar por si, não está apto a lutar por ninguém.
O debate sobre a educação é escamoteado. |
Não tenho dúvida de que, mais que qualquer outra área, a educação é hoje onde se concentra de modo mais nítido aquilo que desde 1930 a sociedade brasileira tem se esforçado por superar, a saber, as práticas coronelistas. Percebo que, embora muitas áreas do funcionalismo público gozem de alguma autonomia, a educação está seriamente amarrada aos desmandos do gestor municipal, não importa quem seja ele. O excesso de profissionais da educação em regime de contrato temporário e a imposição da gestão na escola constituem óbice, mas a ignorância política é o embargo fundamental.
Hoje, mais do que nunca, se faz necessário uma greve geral da educação municipal em Marabá. É preciso parar e manifestar-se. É preciso mobilizar a opinião pública. É preciso angariar apoio a essa causa. Mas é preciso, fundamentalmente, que pessoas que estão nas escolas se descubram parte de uma classe que precisa lutar e definir, na luta, a sua identidade enquanto educadores. A luta, nesse sentido, é também luta pela definição da identidade de classe. O professor tratado como cão, tal qual o é hoje, precisa impor a dignifidade da sua função, o que requer reconhecimento e valorização.
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