segunda-feira, 21 de novembro de 2011

MADAME BOVARY

Gustave Flaubert, 1821-1880, foi um escritor francês. Prosador importante, Flaubert marcou a literatura francesa pela profundidade de suas análises psicológicas, seu senso de realidade, sua lucidez sobre o comportamento social, e pela força de seu estilo em grandes romances, tais como “Madame Bovary, escrito em 1857.


"Madame Bovary sou eu", disse Gustave Flaubert quando os juízes lhe perguntaram quem teria sido o modelo da sua personagem, durante o seu julgamento, em 1856. Ele foi acusado pelo governo francês de ter escrito uma "obra execrável sob o ponto de vista moral". Mas foi absolvido pela Sexta Corte Correcional do Tribunal do Sena, em Paris, em fevereiro de 1857.

Resultado de cinco anos de trabalho, seu romance de estréia, "Madame Bovary", é uma dura depreciação dos valores burgueses. Segundo alguns críticos conservadores, Flaubert ridicularizou sua própria condição social. Afinal, o autor era filho de um médico provinciano rico e vivia de rendas em sua idade adulta na propriedade rural do pai.


A obra se inicia com a apresentação de Carlos Bovary, numa sala de aula. Novato na escola, aparece como uma pessoa entre o ridículo e o normal. Anterior à vida na escola, havia sido educado por um padre do pequeno lugar em que morava. No entanto, mesmo sem destaque na escola, onde ficara apenas três anos, terminou por freqüentar a escola de Medicina de Ruão, onde graduou-se graças aos esforços da mãe. Ainda nessa primeira parte do livro, o autor explica o empenho da mãe de Carlos Bovary que além providenciar ao filho um lugar para trabalhar, a cidade de Tostes, também lhe arruma um casamento com uma viúva, a senhora Dubuc. Pouco tempo, porém, lhe morre a esposa e, a partir daí, é Carlos quem torna-se viúvo. Nessa ocasião, já enamorado de Ema Rouault, apenas precisou esperar passar o tempo do luto para a ela ligar-se por matrimônio, depois de combinada a relação com o senhor Rouault, pai de Ema.

A partir do casamento inicia-se uma nova fase na narrativa de Gustave Fleubert, Carlos Bovary não é mais o centro da narrativa. É de Ema, das suas sensações e impressões que trata a obra. Ainda na primeira parte do livro, o autor já apresenta o quão distante são os valores e as representações do mundo de Ema e de Carlos. Ela, apaixonada pela leitura e ávida por romances desejava um casamento de encantamentos desde o princípio (realizado à meia noite à luz de vela, como descreve o autor), Carlos queria um casamento com a mulher que amava.

Os sentimentos de Ema, com o passar do tempo, vão mostrando-se cada vez mais agitados, enquanto Carlos vive a calmaria dos esposos realizados. Ela ansiava por aventuras, paixões, felicidades. Ele contentava-se com a existência de uma esposa a quem amava e, depois de sua gravidez, com a presença da filha que lhe completava o sentido de família. Carlos foi parecendo cada vez mais entediante aos olhos de Ema. Chegou mesmo, a esposa do médico, a interessar-se mais pela conversa com Djali, sua cadela, que com o marido, a quem pouco lhe interessava a seriedade. O convite a um baile feito pelo marques de D´Andervilliers, em Vaibyessard foi significou a quebra dessa monotonia insuportável. Foi lá que conheceu o Visconde que, embora sem oportunidades para terem romance, Ema passou a desejá-lo de tal forma que a vida em Tostes, cidade onde residiam pareceu-lhe intolerável, razão porque inventou doenças e terminou por convencer o marido mudar-se da cidade, onde tinha lembranças do Visconde, a quem imaginava aventureiro, mulherengo, que o desejava, e com ele não podia ficar.

À espera do primeiro filho, uma menina a que mais tarde deram o nome de Berta, foram morar em Yonville, uma vila perto de Ruão. Foi nesse lugar que, logo ao chegar, conheceu o jovem escrevente Léon Dupuis. Logo aos primeiros contatos enamoraram-se. O marido, sem nenhum ciúme e de pouca imaginação, pouco observava as mudanças da mulher e as atenções para com o rapaz. Ema desde esse momento principiou a endividar o marido comprando presentes para Leon com L´Heureux, o comerciante da cidade. Ainda nesse momento, por falta de oportunidades, Ema não chega a entregar-se aos prazeres com o rapaz e Léon pensando não ser correspondido resolve partir para Paris para concluir o curso de Direito, conforme recomendações dos seus pais. A essa partida a mulher entra novamente na mesma tristeza doentia que havia motivado a mudança de Tostes.

Logo após a partida de Léon chega à vila Rodolfo, que adquirira uma propriedade próximo à residência dos Bovaris. Foi a terceira paixão na vida de Ema. Rodolfo tinha as qualidades que Ema valorizava num homem: era belo, porém mais que isso era galantiador, aventureiro estava acostumado a amores fáceis e desde o primeiro momento que a viu, não por amor, mas por desejo, passou a fazer planos para conquistá-la, o que não exigiu muitos esforços. Ema entregou-se a esse amor. Tornou-se leviana, mentirosa, enganadora. Deixava o esposo dormindo para encontrar-se com o amante e este, por sua vez, ganhava a confiança do marido de Ema para poder mais desembaraçadamente ficar perto da mulher que tanta luxuria lhe proporcionava. Ema, às escondidas, por displicência do marido encomendava objetos caros ao comerciante com quem presenteava o amante. Ema chegou mesmo a desdenhar das opiniões que dela fazia a sociedade que a tudo percebia, embora seu marido permanecesse desconhecendo o que se passava, sempre dedicado ao trabalho de devotado à esposa que acreditava amá-lo.

Por fim Ema começou a idealizar como estável a vida que era apenas uma aventura e passou a exigir do amante que, longe dali, a assumisse como mulher passando a idealizar, por ele, planos de fuga que ele sempre encontrava motivos para adiar. Esquecia Ema não fosse pelo espírito de aventura Rodolfo não se teria ligado a ela, portanto, não poderia comprometer-se já que tudo não passava de um luxuoso passa-tempo. As suas exigências terminou por fazê-lo marcar uma data para roubá-la do marido. Mas, na data marcada Rodolfo lhe abandonou, primeiro fingindo ter viajado, depois viajando de verdade para não ter que encará-la pelas ruas da pequena vila. Ele não a amava, mas se divertira dos seus caprichos e da sua beleza leviana.

Ema novamente caiu em tristeza doentia. Para curá-la, entre os muitos cuidados, o esposo a levou ao teatro em Ruão. No teatro encontram Léon. Carlos Bovary deixa a esposa na cidade por mais um dia. Era a oportunidade para que a senhora Bovary (Ema) pudesse consumar o amor que outra sentira pelo escrevente, agora formando em Direito depois dos estudos em Paris. A alegria de Ema, portanto, só voltava ante a voluptuosidade de um amante a explorar-lhe os prazeres carnais. Arrumou desculpas e passou a freqüentar semanalmente a cidade de Ruão, onde ficava com o seu novo amante. Às vezes ia mais de uma vez por semana. Depois passou a exigir-lhe visitas em Yonville, e Léon ia. Comprava-lhe presentes caros e gastava desregradamente.

Quando as cobranças do comerciante, pelo que não pagava, começaram a chegar, conseguiu que o marido lhe fizesse uma procuração e passou a pegar dinheiro emprestado à juro, de posse do dinheiro, gastava ainda mais. O marido, tendo que concorrer com o farmacêutico da cidade, que atendia como se fosse médico, tinha poucos clientes e, cada vez mais, as contas iam ficando impossíveis de serem pagas. Mas Ema gastava irresponsavelmente e escondia a situação do marido posto que consumia os bens da família com suas vaidades pessoais, cada vez mais caras, e com o amante.

Com o passar do tempo Léon foi percebendo cada vez mais a banalidade de Ema prendendo-se a ela apenas pelas ânsias do prazer. Ela não era mais amada senão pela ingenuidade do esposo que lhe acreditava uma boa esposa. E foram ficando cada vez mais vazios os seus laços. Em casa ela perdia a cabeça porque via o caminho das dívidas, cobradas pelo comerciante, como sem solução; com o amante, cada vez mais viviam do sexo sem qualquer significância para vida e para os seus futuros.

Por fim, o comerciante, através de representante seu, inicia um processo de cobrança das dívidas na justiça. Ema vê, desesperada todos os sues bens penhorados. Tudo vai a leilão. Sua situação fica pública. Nem mesmo os talheres escapa dos oficiais de justiça. O esposo na estava em casa por ocasião da indesejada visita. Ela se desespera. Procura ajuda. Primeiro vai a Léon, que além de não ajudá-la mostra pouco interesse pelo seu desespero. Procura homens importantes da cidade, mas o único que se dispôs ajudá-la tenta possuí-la. Ela sente-se ofendida por ser tratada como prostituta. No entanto, depois disso, procura Rodolfo (que estivera apenas algum tempo fora da cidade) e se insinua ao antigo amante como se ainda o amasse e, iniciada as carícias, lhe faz o pedido de dinheiro, razão da sua visita. Ela, negando a um fazer-se prostituta, a outro, depois do primeiro caso, não sente embaraço de aparecer como que propondo uma troca, o dinheiro de que precisava pelo retorno das suas solicitudes sexuais. Era de qualquer modo a transposição da mera adúltera à condição de puta. Mas também Rodolfo lhe negou ajuda.

Acuada, sem poder encarar o marido miserável, que perambulava desesperado em casa, Ema, inclinada ao suicídio invade o laboratório do farmacêutico de onde pega arsênico e o consome. Ainda levaria algum tempo até que agonizante, entre as muitas reflexões dos presentes, principalmente o farmacêutico e o padre da Vila, fechasse os olhos e pusesse fim, com a morte, à infelicidade que construirá durante toda a sua vida.

Ingênuo, o marido só se deu conta da realidade de traição algum tempo depois quando, perambulando pela casa vazia, já que tivera que dispor de quase tudo para poder pagar dívidas que nunca conseguia pagar, encontrou uma das cartas de amor da esposa para Rodolfo. Depois veio todas as outras correspondências. Aí focou sabendo da luxuria da esposa para com Rodolfo e, depois deste, da vida depravada com Léon. Foi pesado de mais, Carlos Bovary morreu sentado abandonado à um banco da praça da cidade.

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