Até a imprensa é cerceada. |
Caudilhismo, caciquismo e coronelismo
são palavras sinônimas que se referem a um conceito-chave definidor da política
em curso no Estado de Goiás. Alguns já teorizaram como ditadura, mas quem
observar melhor, mantendo os pés no chão, perceberá tratar-se de uma forma
aprimorada do velho coronelismo que o Brasil da década de 1920 viu nascer e nas
décadas seguintes prosperar.
Aquela velha estrutura tem outra
dinâmica agora, talvez até mais eficiente, posto que seu funcionamento é mais
localizado. A engrenagem é regional. Mas cada coronel continua com o seu curral.
No Estado de Goiás, coração do Brasil, o
governador Marconi Perillo representa a forma mais acabada desse novo
coronelismo. Para o governador não há lei, nem ética ou moral. Aqui não se respeita
nada. Há apenas a vontade soberana do executivo que compra, e corrompe, ou
subjuga de outro modo todos os outros poderes que, à sua sombra, se apequenam,
se agacham e se fazem nada.
O exemplo mais acabado dessa força aterradora
é o lócus de produção da antítese disso tudo, a Universidade. Onde se deveria produzir
a derrocada do sistema é onde o sistema tem mostrado sua força.
A legislação não se aplica à UEG,
evidência da inaptidão do judiciário em Goiás. Curral eleitoral maior,
especialmente em Anápolis, sede da instituição, a UEG tem se mostrado cada
vez mais um antro de politicagem e
desmandos, sendo antes essa habilidade condição para o ingresso em cargos da burocracia
que a qualidade técnica que o serviço público requer. E assim, às custas desse desserviço
a parca verba que deveria melhorar sua estrutura paira na gangorra. E assim,
processos de servidores também pairam na gangorra. E assim, tudo é gangorra.
E a progressão funcional
também é gangorra. Mas, se sobressaem os que fazem acordos espúrios. Onde não
se faz acordo, se faz intervenção [a professora Divina de Santa Helena sabe
disso]. Sem esses acordos não haveria um Estado coronelista em Goiás, haveria
uma ditadura. E um dia, a quase 10 anos fiz essa crítica em Niquelândia, lócus
privilegiado de expressão das ações coronelistas na UEG, e me disseram, se é
assim, porque você está aqui? Era o ame ou deixe-o. E hoje, professor, penso, são
muitos doutores na UEG. São outros tantos mestres e especialistas na UEG.
Professores, somos todos senhores da reflexão e da ação. Mas somos, na UEG, todos
gado.
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