Senhor diretor,
Há um descrédito, até certo ponto, generalizado da parte da sociedade goiana em relação ao Detran, que em Uruaçu, está sob vossa gestão. Foram reincidentes denúncias de corrupção, todos sabemos, que levaram o próprio governo estadual a retirar do Detran a competência para avaliar candidatos a condutores de veículo e motoristas.
A própria estrutura sucateada facilita a permanência dos vícios. |
Em Uruaçu, o Detran tem horário de funcionamento que, conforme me informaram hoje, é das 08hs as 11hs e das 13, acho que as 17 horas. Nessa data, 13/06, cheguei ao 11 horas e 03 minutos e, cumprindo o horário, já estava fechado. Eu sei que lá dentro os dedicados funcionários ainda atendem as senhas já com os usuários.
Fiquei na área interna, posto que o
portão estava aberto, e em cerca de 10 minutos vi quatro pessoas entrarem e
serem atendidas. Foi pura bondade? Acredito que não. Vi entrar um conhecido
meu, que foi recebido por um funcionário que veio ao seu encontro, pegou os
seus documentos e, certamente desrespeitando a ordem das senhas, foi lhe dar
atendimento. Seria isso apenas bondade? Solicitude? Acho estranho que alguns despachantes
sequer respeitem o espaço que, teoricamente deveria ser reservado aos
servidores do setor, entram e não se dão sequer ao trabalho de pegar uma senha.
Dá-se a impressão de que o Detran é uma extensão de seus negócios. Bondade?
Solicitude dos atendentes?
Não tenho dúvidas de que é isso que faz do Detran o setor de menor credibilidade nesse Estado, e até onde sei, nos quatro cantos do Brasil.
Não tenho dúvida, também, de que isso é corrupção. A corrupção não é só pegar o cafezinho, que aliás poderia explicar a bondade e solicitude, embora eu não possa dizer que seja. Corrupção é quando o servidor, ignorando as leis, inclusive no que diz respeito ao princípio da equidade, favorece alguém em detrimento de outros, tendo por motivação outro fator diferente do interesse público.
Senhor diretor, seu órgão, pelo que vi
hoje, e pelo muito que vi em outras ocasiões em que precisei destes serviços, é
viciado e, portanto, padece do tipo de corrupção mais ignóbil, aquela em que a
troco de quase nada, a probidade é ignorada.
Porque o Detran não pode ser um órgão
que respeita o cidadão que respeita o Detran. Não quero ser privilegiado. Não quero
ser atendido depois do horário regular. Não quero deixar de pagar multas. Não quero
nenhum privilégio. Quero apenas ser respeitado. Quero apenas que as pessoas,
embora diferentes na sua condição de sujeitos, tenham atendimento igual.
Acho que é somente fazendo, todos nós, o
dever de casa que se pode esperar um Brasil melhor. Acredito, portanto, que não
seria demais esperar que o os servidores do Detran, em qualquer lugar do Brasil,
respeite o brasileiro. Respeite o brasileiro que não lhe paga uma dose de pinga
no final de semana. Respeite o brasileiro que não é PM, por isso poderia lhe
facilitar “uma situação”. Respeite o brasileiro que não é o mecânico que lhe
faz serviço com desconto especial. Respeite o brasileiro que não é amigo de
pesca do atendente. Respeite o brasileiro que não paga o cafezinho. Respeite o
brasileiro que é apenas cidadão brasileiro.
Sem mais.
Moisés Pereira da Silva
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