Quando o assunto é Deus, acreditam que
só posso falar bobagens. Nesse sentido, esse é um texto difícil de ser escrito.
Primeiro, porque a maioria dos que me conhecem, inclusive minha família, dão
como certo que sou ateu e, como tal, só poderia escrever coisas às quais precisam
suplicar a Deus que me perdoe. É difícil escrever porque para alguns colegas de
ofício, qualquer sinal de crise implica mediocridade intelectual. Mas,
ultimamente tenho sentido necessidade de dizer que não sou ateu. E não sou ateu
porque, embora goste muito de Nietzsche e de Sartre, e até, em momentos de desesperança,
tenha ironizado a ação divina, nunca fui ateu.
Reconheço, a julgar o que a cultura
ocidental entende como experiência espiritual, que vivo distante de Deus.
Aliás, nego a divindade egoísta, ciumenta e raivosa que a nossa bíblia,
sobretudo no chamado antigo testamento, apresenta. Mas, entre não encontrar-se
nesses esquemas e ser ateu, há uma distância.
Alguns temas do cristianismo me
inquietam. Por exemplo, fico indignado com a possibilidade do milagre, que
Pascal reconhecia como prova de Deus, quando boas pessoas ficam à míngua dessas
soluções. Mas, mesmo nesse caso, algumas circunstâncias da minha vida, pelo encaminhamento
que tiveram, só podem ser entendidas na perspectiva do milagre. E houveram
vários.
O grande problema, desculpem os leitores
se lhes confesso essa intimidade, é da referência. No Ocidente temos um modelo
de espiritualidade baseada na mediação. As religiões, portanto, têm um conjunto
de símbolos, sujeitos e práticas que constituem essa mediação. Nesse contexto, acreditar
em Deus é ter religião. E é aí que reside a minha crise, não consigo ter
religião.
Não se trata de maniqueísmo. O fato é
que não consigo me emocionar com os apelos pentecostais. Em minha vida emoção e
humor são coisas caras. A igreja católica, com um clero cada vez mais mal
formado, e cada vez mais parasita, é outro desafio. Não consigo digerir a contradição
de uma elite religiosa sugando os mais pobres.
Mas, vez ou outra reconheço a miséria de
ser o que sou. Como diria Sartre, um ser que não escolheu, mas foi lançado ao
mundo, e no mundo precisa fazer escolhas. Nem sempre essas escolhas são boas. Às
vezes a miséria é do tamanho da nossa existência. Vivemos cada dia nos movendo
sob o entulho dessa existência. Viver, assim, constitui-se num drama pantanoso.
E quando a angústia anuvia nossa pulsação a necessidade de uma experiência
espiritual alentadora torna premente o conforto interior.
Acreditei por muito tempo que uma vida
conscienciosa bastava para se viver em paz. No entanto, essa experiência dizia
respeito à justeza ética e moral de um viver em acordo com regras que eram
sociais. Chegou o momento, no entanto, em que se impunha determinada
experiência que não podia ser reprovável do ponto de vista destes valores, mas
mesmo assim suscitava inquietações. Conclui que não bastava o eu moral.
Cada vez mais tem me
inquietado as piadas sobre experiências religiosas, sobre os sujeitos da
religião. Me parecem despropositadas. Tenho caminhado no sentido de visualizar
a possibilidade de uma experiência espiritual que, podendo ser coletiva, não
esteja tão arraigada de valores que não são espirituais, como tem sido na relação
entre as igrejas e o capital.
Para mim, a igreja e a religião e algo que o homem criou simplesmente para tentar manter a sociedade sob controle, para tentam nos fazer engolir fatos que para a igreja são verdades absolutas simplesmente porque esta escrito na biblia. Porém, a biblia nada mais e que um documento que foi escrito por um rélis mortal, ja fui taxado de ateu varias vezes, porém não sou, simplesmente prefiro não seguir cristão hipócritas que se valem da fé de muitos para obter lucro, como acreditar em uma igreja ou religião que usa o nome de DEUS, para explorar e retirar dinheiro de pais de familias que se desdobram para conseguir sustentar sua familia?. Agora se ser contra este ato repulsivo da igreja e ser ateu, ai sim posso dizer com todas as palavras que sou ateu.
ResponderExcluirPor fim, não sei se foi Deus quem criou o homem, ou o homem quem criou Deus como indaga Nietzsche, porém, a religião e a igreja foi sem duvida, uma invenção do homem.
Comentado por: Josiel Felpe