Tenho observado, especialmente no espaço da
universidade, duas existências, portadoras de duas práticas, o trabalho de
professores e a ação de catequistas. São práticas próximas, mas muito
distintas.
O doce néctar de professores catequistas é o proselitismo |
A distinção não é difícil de ser feita. Professores
são plurais, catequistas, independente da temática que lhes é proposta, sempre
retornam às suas pregações, único valor teórico que reconhecem.
Ser professor requer competência teórica,
didático-metodológica e ética frente ao que ensina. Ser catequista requer apenas
um credo e a adoção de um catecismo, diverso na forma, mas igual no conteúdo,
versando sempre sobre a mesma doutrina condenatória de certos valores em função
de outros, utópicos, apenas para serem atraentes.
Professores, especialmente aqueles que atuam
na formação inicial de outros professores, estão cada vez mais acuados pelas
mudanças da contemporaneidade que lhes requer sempre novas competências e
habilidades para lidar com o novo que se renova do nascer ao pôr do sol.
Catequistas, por serem portadores de uma
doutrina perene, não sentem qualquer desafio, senão preparar os espíritos à sua
mercê para o enfrentamento de um mal que, independentemente do tempo histórico,
sempre é e será o mesmo, geralmente a negação daquilo que as religiões negam, mas
que lhes dá fundamento, o consumismo, o modo burguês de viver, a desigualdade e
outras coisas cuja percepção não depende de nenhum esforço teórico.
Professores, reconhecendo que a prática
educativa não é e não pode ser neutra fazem a crítica, mas não se reservam a um
único discurso por reconhecerem a pluralidade dos saberes e a relatividade da
verdade.
Catequistas, como qualquer bom vigarista, são
fundamentalistas, e negam, por consequência, tudo que estiver à margem dos seus
escritos sagrados.
Catequistas, quando no espaço acadêmico, não se
distinguem em nada de outros religiosos fundamentalistas, sejam cristãos ou
muçulmanos. A história, para uns e para outros, tem um destino manifesto, a
parúsia. Para o primeiro grupo seria o retorno de Cristo, doutrina do medo
sempre mais reforçada a cada fim de milênio, para o segundo, o fim do capital.
Ser catequista é fácil. Ser professor não. Ser
professor requer muita leitura, porque diversos os enfoques sobre uma mesma
temática. Ser catequista, apenas uma bíblia simplificada através de catecismos.
O mérito dos catequistas acadêmicos é se dizerem ateus, como base de sua própria religião. Uma religião que nega a religiosidade e se funda num discurso religioso. São ateus para para poderem ter um Deus, tão barbudo quanto aqueles deuses que negam, por coincidência, também barbudos.
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