quarta-feira, 28 de agosto de 2013

MICHELINE BORGES E AS VAIAS AOS MÉDICOS CUBANOS

Pelo direito ao monopólio da saúde, os privilegiados se manifestam.
Agora a classe branca, de olhos azuis, padrão médico na opinião da jornalista Micheline Borges está perplexa. E essa perplexidade foi traduzida pela "jornalista" nordestina Micheline Borges, porque são negros e usam roupas simples [coisa de pobre] não podem passar-se por médicos.

Isso é uma vergonha. Vergonha que ultrapassa o nível do constrangimento e se transforma no indizível. 

Seria o caso de perguntar à Micheline Borges porque, exatamente, as médicas cubanas parecem domésticas. É difícil acreditar que uma "jornalista" ignore as formas de vida em Cuba, país socialista que, por essa condição, estabelece certas restrições ao consumo. Seria mesmo interessante saber se ela sabe o que é estereótipo. Seria bom, aliás, saber que faculdade ela frequentou. Mas, sem poder fazer tais questionamentos, me limito a dizer Micheline Borges que você, que tem nome de bijuteria barata, é uma vergonha para o povo esclarecido e tolerante desse país. 

A ignorância de quem deveria formar opinião.
Eu, que sou negro, portanto fora do padrão médico do Brasil, onde saúde é só para quem tem dinheiro, em duplo sentido, no sentido de acesso a hospitais, e no sentido de exercício da medicina, admiro a presidente Dilma por peitar esse tabu brasileiro, de uma medicina como privilégio de classe.

Às vezes quero chamar idiota atitudes como essa, da branquinha nordestina, e de todos os que têm hostilizados os médicos estrangeiros. Mas, isso é pouco. Acho, aliás, mais idiotas a ausência de reflexão crítica da parte de alguns brasileiros que ainda apoiam -por partidarismo político, ou por ignorância -essa prática classista da raça ariana que tem monopolizado a medicina no Brasil.

Um comentário:

  1. Sim, Micheline Borges, as médicas cubanas, de fato, parecem-se com as suas empregadas domésticas. Eu também me pareço com a sua faxineira e a sua cozinheira. E, se me permite a comparação, Barack Obama também é cara dos garçons dos restaurantes que você deve frequentar, dos vendedores de coco na praia, da maioria dos presidiários brasileiros, dos desempregados e subempregados do país.

    Feita esta constatação certeira, seria legal se você se perguntasse por que é uma ilha de loiridão e alvura cercada de tantos pretos pobres por todos os lados. Será determinação do destino que estabelece que as pessoas não-brancas tenham que se tornar empregadas domésticas de michelines? Será prescrição do Oráculo de Apolo que pessoas com cara de micheline sejam jornalistas casadas com engenheiros?

    Pergunte-se, além disso, qual é a magia que fizeram em Cuba para que tantos que bem poderiam ser suas empregadas domésticas sejam hoje médicas que embarcaram para este país, de saúde pública de terceira, a fim de ajudar pessoas de todas as cores que não são ajudadas pelas alvas michelines que moram ao lado.

    Não, Micheline, eu não diria “coitada da nossa população” de pessoas com cara de empregadas domésticas porque serão atendidas por médicos com a mesma cara delas. Eu tenho pena é do coitado deste país, açoitado pela mentalidade-micheline, que resolve que o lugar de pessoas com cara de empregadas doméstica é na cozinha das suas casas, fazendo a limpeza ou picando cenoura para o jantar. Na falta de uma boa e velha senzala... (Wilson Gomes)

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