sexta-feira, 27 de abril de 2018

OBEDIÊNCIA E SERVILISMO, OU SOBRE OS DELÍRIOS DA VAIDADE

A propósito da militarização de uma escola pública em Uruaçu, muita gente - que nunca acompanhou os próprios filhos na escola, e portanto, nunca apoiou o trabalho dos professores - glorificaram o feito como se essa política autoritária, fundada na ideia de obediência e servilismo fosse, de fato, a receita para os problemas da educação no município.

Essas pessoas, idiotizadas, sequer podem entender a engrenagem política desse projeto e suas consequências.

Entre tantas reflexões necessárias e urgentes, quero nesse espaço, relacionar a expansão das escolas militares com a vilania do governador de Goiás, que as usa para perseguir a organização dos professores que ousam reivindicar direitos.

A vaidade do Governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo, parece não encontrar qualquer limite. De fato, num Estado em que o judiciário é subserviente e o legislativo cliente fiel, o executivo, sem qualquer embaraço, na expressão do seu totalitarismo, poderá dar vasão a qualquer pretensão, inclusive as que emanarem da vaidade de quem detém o poder.

Essa é uma das chaves de leitura para a política educacional do governador de Goiás, o homem que trucida suas oposições.

Jogando milhos aos pombos a cada período eleitoral, Marconi tem se mantido no poder a partir de duas estratégias, a compra de votos através das bolsas da OVG, dos cheques reforma, moradia e outros instrumentos muito comuns na política do toma lá, dá-cá e pelo sufocamento das vozes dissidentes.

É enquanto instrumento de repressão que a militarização das escolas públicas estaduais precisam ser pensadas. Obviamente, essa militarização das escolas não se limita a esse fim, os objetivos são mais amplos. Todavia, a disciplinarização dos corpos e das mentes como estratégia de controle do tecido social é o ponto fundamental para o qual convergem todas as variáveis.

Marconi nunca escondeu tratar-se de uma vingança punitiva ao grupo, da educação, que ousa lhe fazer oposição. Esse grupo ousou manifestar-se em evento no qual o governador participou (veja em: https://www.youtube.com/watch?v=RwY2QUmc8V8) e lá mesmo o governador deu seu recado.

Depois, participando de um evento na Bahia, Marconi declarou os objetivos imediatos da criação das OSs e das escolas militares. Segundo ele, 

"Fui num evento e tinha um grupo de prfoessores radicais da extrema esquerda me xingando. Eu disse: tenho um remedinho pra vocês, colégio militar e organização social. Identifiquei as 8 escolas desses professores. Preparei um projeto de Lei e em seguida militarizei essas 8 escolas. O Brasil está precisando de nego que tenha coragem de enfrentar". (A TARDE, 17/11/2015).

Marconi é vaidoso. Marconi não aceita críticas. Marconi quer a hegemonia.

O pior disso tem sido o silêncio daqueles que deveria dizer alguma coisa. Me refiro primeiro aos intelectuais da Universidade Estadual de Goiás, minha casa. A Universidade não pode naturalizar esse fato. A Universidade, que produz conhecimento e forma professores, precisa tomar posição.

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=RwY2QUmc8V8

A tarde: http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/1727346-goias-vai-terceirizar-a-educacao-apos-experiencia-na-saude

segunda-feira, 9 de abril de 2018

MANDA ESSE LIXO JANELA ABAIXO: A DIREITA E O LULISMO COMO IDEAL POLÍTICO.

O discurso de Lula, um pouco antes de entregar-se aos seus facínoras, pareceu muito atravessado pela angústia de quem vê tudo como num gesto de despedida. Todavia, a violência da direita tem dado razão à declaração do ex-presidente de que deixava de ser um homem para tornar-se uma ideia.

E tudo o que tem a  acontecido agora, faz perceber que, em relação ao Lula, o massacre apenas reforça o sentimento quase mítico de quando conheci as ideias de um homem que pretendia melhorar o mundo. 

Foi em 1994 quando havia acabado de chegar ao Seminário Diocesano Leão XIII, em Tocantinópolis. Eu era um garoto com sonhos pueris. 

Quem foi seminarista, até o final da década de 1990 quando os meios eletrônicos ainda não haviam eliminado o encanto da leitura de cartas, sabe o quanto é encantador o anúncio de uma correspondência em seu nome. 

Pois foi numa ocasião assim, em 1994, que recebi um cartão da campanha presidencial de Luis Inácio Lula da Silva, primeira eleição presidencial na qual votei. O cartão era simples, na frente o homem barbudo, no verso um trecho de cachorro urubu do Raul Seixas:

Todo jornal que eu leio 
Me diz que a gente já era
Que já não é mais primavera
Oh baby... oh baby...
A gente ainda nem começou.

A minha vida, naquele momento inicial, prometia ser toda ela de entrega e de promoção de outras vidas e, a poesia musical parecia falar de mim e de todos os que sonhavam com um Brasil melhor.

Conheci, também naquele tempo, o ódio egoísta dos que amam a ordem apenas pelo seu caráter desigual.

Hoje com a elite da segurança nacional, que ganham rios de dinheiro sem fazer absolutamente nada que justifique o que ganham, vociferando ódio contra um ex-presidente com mais de 70 anos de idade, reforço a consciência de que a ideia de construção de uma sociedade com menos privilegiados e mais Brasil para todos é um dever herdado do lulismo. 

E nisso, o ódio da direita ajuda porque reforça nosso ânimo.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

OI VELOX: INTERNET PARA QUEM QUER PROBLEMA


No início de 2017 contratei os serviços de internet e TV da empresa OI, que na ocasião empurrou juntamente um telefone fixo, que nunca utilizei, embora tenha sempre pago por ele.

O que realmente interessava era o serviço de INTERNET, e esse foi exatamente o serviço que nunca funcionou satisfatoriamente. Na verdade, o contrato funcionou como a aquisição de um problema e não de um serviço.

Na propaganda, e no atendimento eletrônico, garantiram uma velocidade de 15mb, que alguns meses depois foi reajustada para 10mb, velocidade garantida em raríssimas exceções.

O serviço é constantemente interrompido e o apoio técnico é muito ruim. Quando o técnico presta alguma assistência, o cliente é obrigado a pagar, mesmo problema sendo da empresa, e não meu.

Cheguei a ficar mais de 10 dias sem serviço. E a conta foi cobrada integralmente, simplesmente porque minha esposa não ligou para o demorado e desrespeitoso serviço da Oi (10631) para reclamar.

Por fim, com aquela sensação de extorsão, solicitei o CANCELAMENTO. Primeiro, tentaram enrolar. Depois, entre a terceira e quarta tentativa, além da absurda grosseria, fui ameaçado de que teria que pagar multa, embora meu contrato já tenha mais de 14 meses.

A sensação é de que essas empresas, que vivem de negociatas com o governo, e o governo em negociatas com o judiciário, estão acima de Lei, até porque a Lei brasileira é um peso sobre os ombros de quem não pode pagar o preço que ela vale, para cada caso uma tabela.

quinta-feira, 15 de março de 2018

VEREADORA MARIELLE FRANCO (PSOL-RJ): VÍTIMA DO BATALHÃO DA MORTE?

a violência levou quem lutou contra a violência
A vereadora Marielle Franco do PSOL-RJ, quinta mais votada nas eleições municipais carioca, foi assinada nessa quarta feira, 14/03/2018. 

Era uma firme lutadora pelos direitos dos pobres, das comunidades cariocas. Era uma negra que se reconhecia negra, com todas as implicações disso. 

Era firme na luta contra a violência policial, que por fim, lhe alcançou.

Um dia antes a vereadora havia, comentando o assassinato do jovem Matheus Melo pela polícia, criticado a violência policial no Rio. Marielle chegou a nomear de "Batalhão da Morte" o 41 Batalhão da PM no Rio de Janeiro. 

Era uma lutadora e pagou o preço.

Não tenho nenhuma dúvida de que se a investigação for séria irá dar naqueles que recebem armas, coletes e salários para "servir e proteger".

Enquanto a Globo, e demais veículos de comunicação, tentam vender o projeto vampiresco de Michel Temer, de um enfrentamento da violência que estaria dando certo, a morte da vereadora Marielle demonstra, cabalmente, que o Rio de Janeiro continua o Rio de Janeiro.

Que a morte dessa guerreira não seja em vão.

quinta-feira, 8 de março de 2018

CHUVA DE HONESTIDADE

Por Flávio Leandro

Quando o ronco feroz do carro pipa,
Cobre a força do aboio do vaqueiro
Quando o gado berrando no terreiro,
Se despede da vida e do peão
Quando verde eu procuro pelo chão,
Não encontro mais nem mandacaru
Dá tristeza ter que viver no sul,
pra morrer de saudades do sertão.

Eu sei que a chuva é pouca
e que o chão é quente
Mas tem mão boba enganando a gente,
Secando o verde da irrigação
Não! Eu não quero enchentes de caridade
Só quero chuva de honestidade
Molhando as terras do meu sertão.

Eu pensei que tivesse resolvida
Essa forma de vida tão medonha
Mas, ainda me matam de vergonha
Os currais, coronéis e suas cercas
Eu pensei nunca mais sofrer da seca
No nordeste do século XXI
Onde até o voo troncho do anum
Fez progresso e teve evolução.

Israel é mais seco que o Nordeste
No entanto se investe e tem fartura
Dando força total à agricultura
Faz brotar folha verde no deserto
Dá pra ver que o desmando aqui é certo
Sobra voto, mas falta competência
Pra tirar das cacimbas da ciência
Agua doce que regule a plantação.

domingo, 4 de março de 2018

O MELHOR DE WILLIAM BUTLER

AEDH DESEJA OS TECIDOS DOS CÉUS


Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os 

meus sonhos.

Eu estendi meus sonhos sob os teus pés

Caminha suavemente, pois caminhas 

sobre meus sonhos.

sábado, 3 de março de 2018

NIQUELÂNDIA-GO: A CRISE QUE NÃO ACABA

Praça central de Niquelândia.
Niquelândia já foi uma das mais promissoras cidades do Estado de Goiás. Entre 2005 e 2006, por ocasião da elaboração do Plano Diretor do município, fez-se um levantamento das potencialidades econômicas do município que, já à época, apontou-se que ia muito além do Níquel. Piscicultura, turismo ecológico e religioso pareciam as alternativas mais viáveis. Apesar disso, a partir de 2008, no bojo da crise do minério, o Município mergulhou numa decadência profunda da qual não consegue sair. Que a cidade dependia quase exclusivamente do minério é fato. Mas, o problema vai muito além disso.

O primeiro problema de Niquelândia, e o principal, é político-administrativo. A prefeitura, que deveria gerir os poucos recursos públicos garantindo à população a manutenção de serviços básicos, como saúde e educação, tem sido, principalmente a partir das primeiras gestões do prefeito Luiz Teixeira, cabide de emprego e fonte de riqueza para os amigos mais próximos do prefeito, além das duas rádios da cidade.

Cabide de emprego, a prefeitura tornou-se uma empregadora maior que sua capacidade de empregar, na maioria dos casos, sanguessugas que ocupam cargos apenas para receber salários. O pior dessa tragédia é que não foi política exclusiva de um prefeito, mas de todos que, sobretudo a partir de 2.000, ocuparam o palácio do Níquel.

Aprofundou a crise a gestão de um grupo de moleques que assumiram a prefeitura para prostituir os cofres públicos e as mulheres da cidade, também pagas com dinheiro do povo, que naquele período começaram a receber pagamentos com atraso ou não receber.

A situação nesse início de 2018 parece ter chegado ao seu limite. Os funcionários públicos, à beira da fome, vagam pelas ruas em passeatas de poucos resultados. A prefeitura, ao mesmo tempo em que repete velhas justificativas, continua privilegiando apaniguados.

O problema de Niquelândia é de gestão. A solução, portanto, é também de gestão. Não virá, no entanto, sem dor. É preciso reduzir o tamanho da máquina pública, o que requer a demissão de todos os temporários, sem qualquer exceção. 

Conheço o atual prefeito, Valdeto Ferreira, e até acredito que ele possa ter boas intenções. Mas, se quiser ajudar Niquelândia precisará ter força de caráter para priorizar o povo, o que requer o abandono das velhas práticas de apadrinhamento, inclusive das relações promíscuas com os meios de comunicação local. É preciso ir além da canalhice que tem caracterizado a política no município.

É importante que esse povo que sofre agora tenha consciência de que esse sofrimento é o resultado exclusivo das escolhas que têm feito. Há quanto tempo velhas raposas são eleitas e reeleitas em Niquelândia? O povo precisa ter vergonha na cara, o que se sabe até agora, isso o povo de Niquelândia não tem. 

Sou meio niquelandense, então desejo que meu povo encontre o caminho. E quando encontrarem, percorram.

MINHA ESPECIALIDADE É MATAR

"Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você", esse é um dos aforismos nietzschiano que melhor traduz o momento político-econômico que atravessamos no Brasil.

Para a imprensa brasileira a "grande notícia" sobre a passagem de um pré-candidato à presidência da República do Brasil em viagem pelo Japão, foi a histeria da multidão que o recebeu no aeroporto. Mas tarde vi um vídeo de uma reunião, ainda no Japão, em que esse pré-candidato foi questionado sobre como simplificar a burocracia para o pequeno empresário brasileiro, questão de política econômica. A resposta, depois de dizer que não entendia de economia foi, literalmente "[...] assim como não entendo de medicina; minha especialidade é matar" . [conforme link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Di8XFcBwd-s, observe o que diz a partir de 40 minutos de gravação]. Esse mesmo discurso já tinha sido feito pelo pré-candidato à presidência quando da sua passagem por Porto Alegre, como noticiou, à época, o jornal Folha de São Paulo [edição de 29/06/2017]. Não vemos mais o abismo porque já estamos no abismo. Não há mais o que ver, a não ser a saída. 

O homem cuja única especialidade declarada é matar apresenta-se como pré-candidato e, além de segundo colocado nas intenções de voto no país, é o primeiro colocado no Estado mais populoso do Brasil, São Paulo.

Além do abismo que produziu, desde o processo colonizador, os privilégios de alguns sustentados pela miséria de muitos, vivemos agora a crise daquilo que nos distinguia dos demais animais, a humanidade.

Sim, embora a face mais visível da crise que atravessamos no Brasil seja político-econômica, a essência da crise está nos valores humanos, postos em cheque não só nos discursos de ódio, mas também nas políticas de Estado, pautadas num processo brutal de desumanização dos mais fracos. Há uma espantosa recepção aos discursos de ódio que, por isso, proliferam e se transmutam em práticas, também de ódio como está sendo o processo de intervenção no Rio de Janeiro. O ódio, no Brasil, mas não só no Brasil, como prova o resultado da última eleição norte americana, tornou-se recurso preponderante na engrenagem política de captação de votos. Agora o ódio serve até como recurso de marketing para a imagem de um golpista decrépito.

O ódio, no momento, tem sido o melhor recurso discursivo na corrida presidencial.

O que se pode ver para além do abismo são as perspectivas de um projeto educativo - e tem sido essa a minha luta - em que, ao mesmo tempo em que se ensina a pensar, se ensine também a amorosidade pelo outro e pelo mundo.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O PROFESSOR NÃO SABER O QUE ENSINA É TRISTE. MAS NÃO TER CORAGEM DE ESTUDAR É TRÁGICO.

Tenho muitas angústias com o sistema público de ensino. Mas, não apenas com o público, a banalização da mercadoria-educação também é uma tragédia. Entre os muitos fatores que produzem essa angústia, a destruição do futuro da juventude por professores incompetentes e preguiçosos é a desgraça que dói mais.

No Estado do Pará, professores com licenciatura em Pedagogia, ou seja, formados para as generalidades da educação infantil, estão sendo contratados para ministrarem aulas de filosofia e Sociologia no Ensino Médio. Pedagogos da UNOPAR, UNIASSELVI e outras  insignificâncias acadêmicas a desgraçar a juventude paraense.

Estes professores, pela própria natureza do curso de Pedagogia, não estão preparados para a tarefa que lhe atribuem. E isso, para a maioria deles, não tem qualquer relevância, vez que importante é estufar o "pé de meia", especialmente quando se tratam das boas gratificações do Sistema Modular de Ensino. Para o Estado é a massa docente ideal; porque de um lado, a educação das classes populares é um luxo subversivo, e do outro, tratam-se de professores desligados e descomprometidos com a realidade em que atuam. 

Estudar, para grande parte destes professores, não é um projeto porque biqueiros, se sabem docentes do momento, com um contrato precário e temporário, noutro momento, vendendo banana na feira, ou em qualquer outro bico, tão despretensioso quanto ensinar o que não sabem. 

O que me revolta não é a ignorância destes colegas. Isso, embora grave, tem remédio. A professora, de filosofia por exemplo, poderia utilizar o livro didático para um estudo mínimo do conteúdo de aula. O estudo poderia ser um caminho minimizador de danos. Mas, infelizmente, a ignorância quase sempre é acumulada com a indolência.

Pior que não saber é fazer da ignorância instrumento de trabalho. Sim, o professor que não sabe o que ensina, ensina o que não sabe.  E isso, geralmente, é o que acontece quando se põe uma pedagoga ou um pedagogo para ensinar filosofia.

Eu precisava dizer isso.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

ANETTE, A CINDERELA CAMPONESA - A FOME MEDIEVAL

A popularização dos contos, em todas as sociedades e tempos, decorre dos valores ou da capacidade da narrativa de repercutir o contexto do seu enredo. Dito de outra forma, as narrativas precisam ter significância para o público leitor. É nesse sentido que o conto A Pequena Anette é constitui uma das mais ricas narrativas populares sobre a sociedade medieval. Seu pano de fundo, a fome. E, embora não fosse a fome o único problema de uma sociedade que era, essencialmente, medrosa, doente e atolada na superstição religiosa, a carência alimentar já diz muito.


A jovem Anette, órfã, vivia juntamente com a madrasta e suas filhas. Anette alimentava-se com um pedaço de pão por dia dado por sua madrasta. A menina ficou magrinha pela má alimentação. Já as filhas da madrasta se alimentavam por dia com carne de carneiro e muitos outros deliciosos alimentos, enquanto a garota órfã trabalhava no campo e ainda lavava as vasilhas sujas das refeições que não fazia.

Num belo dia, a situação da menina órfã mudou, a pequena Anette recebeu da Virgem Maria uma varinha mágica que produzia um enorme banquete quando tocada em uma ovelha negra. Rapidamente, Anette foi ficando gorducha, de acordo com o seu desejo, pois a pequena jovem estava aderindo aos padrões de beleza da Idade Média (nesse período, o padrão de beleza feminino era a mulher com peso avantajado).

Com Anette engordando através da mágica, logo sua madrasta descobriu o segredo e mandou matar a ovelha negra. O fígado da ovelha foi oferecido à Anette, que o enterrou sem o conhecimento da madrasta.

A órfã, após ter enterrado o fígado, se surpreendeu, pois no local nasceu uma árvore enorme que ninguém conseguia pegar os frutos. Somente Anette se alimentava dos frutos daquela grande árvore, que abaixava os galhos para a menina alcançar as frutas.

Com o passar do tempo, um príncipe guloso fez a promessa de se casar com a pessoa que conseguisse colher os frutos. Como a árvore obedecia somente à Anette, a menina colheu os frutos para o príncipe, que se casou com a jovem e eles viveram felizes para sempre.

A camponesa órfã ascendeu à nobreza, ganhou regalias e ficou isenta do pagamento dos impostos. No entanto, essa ascensão social camponesa na Idade Média era praticamente inviável, somente possível nos contos.